Transcrição de conversas proferidas ou validadas por Waldo Vieira em tertúlias gravadas em vídeo. Projeto particular de teletertuliana portuguesa, não vinculado a Instituição Conscienciocêntrica.

Grafopensenidade: Literatura

 

Linguagem erudita. Eu (WV) às vezes trago estas palavras ((referência a hermenêutica e a exegese)) para que vocês estejam mais afeitos a estes conceitos e também para a gente ter isso como o “arroz com feijão” da gente, o trivial de todo o dia, porque geralmente as pessoas “tiram o corpo fora” da interpretação disso - são palavras tabus dentro da linguagem erudita. O povo empaca nestes conceitos. Não é só hermenêutica nem exegese, é por exemplo a zetética, a inortodoxia, a refutação, a holofilosofia, a catarse e a cosmovisão. (Tertúlia 0922; 1h:05m).

Romance. Pergunta. Qual seria a validade de se produzir um romance consciencial, falando sobre os temas da Conscienciologia? Resposta (WV). Se você conseguir (produzir) um livro de esclarecimento, de informação, 100%, sob todos os aspectos, vale a pena. Mas não é uma mensagem que a gente recomende em primeiro lugar. Vale mais a pena fazer do jeito que eu falo – “soco na cara e fratura exposta”, impactoterapia. É muito esforço (do escritor e do leitor do romance). (O romance) atinge uma determinada camada de leitores que não é a camada técnica, é a camada medíocre da literatice. Literatura é arte, é uma coisa secundária por “pega” mais é psicossoma. (Tertúlia 0933; 1h:24m). O título do livro Cristo Espera por Ti é uma alfinetada. Parece mais um de dogma e não é nada. As informações detalhadas, as reações, as emoções, a concentração, os pensamentos das pessoas, as interrelações entre as dimensões, no momento histórico, os pormenores (exemplo, o passarinho que aparece em determinada época e local). Eu (WV) tinha 30 anos, eu não tinha lido Balzac, o que eu lia era fenômeno mediúnico. Eu já não me interessava por literatura, o que me interessava era ciência. Eu li muita literatura, mas para cultura geral, para entender melhor a ciência. Até hoje, eu ainda faço isso. Eu tenho lido um romance ou outro para fazer uma pesquisa. Com o passar do tempo, o parapsiquismo te ajuda. Às vezes, uma percuciência parapsíquica vale por cinco livros que você leu na biblioteca. Isso é muito sério, porque você está vendo os bastidores. Se você vai ao teatro e vai ver os bastidores – a administração do teatro – você vai conhecer as cinco próximas peças que eles vão fazer. Esse underground que o parapsiquismo permite amplia a associação de ideias, a cosmovisão se dilata, isso é uma loucura… pensa nisso. Romance de Paulo Coelho é um processo popular de “fazer fama e deitar na cama”. O romance leva para isso, porque o povão lê. Eu não consigo ler os livros de Paulo Coelho porque é comum demais. É como certos filmes de comédia que não dá para ver dez cenários. (Tertúlia 0933; 1h:25m). Pergunta. Estou avaliando essa questão de romance e livro técnico, vendo se há possibilidade de conexão entre os dois. Resposta (WV). Faça um livro técnico em que você possa traduzir o que você pensa, de um modo que, nem a pessoa popular nem o técnico desprezem o seu texto. No meu texto, eu levo tudo mais para técnico do que para o popular porque eu não posso esperar, nem ter a veleidade de ter esperança de que o povo entenda esse monte de neoverpons. Há muito eu desisti disso. Antes de fazer a psicografia e publicar, eu escrevi vários artigos eruditos que foram publicados até na Europa, para mostrar que eu escreveria na base do cientista e não na base do literato. Mas depois disso eu entrei na questão da psicografia para ser literato de tudo quanto é jeito. Tem mensagem minha de mulher, tem mensagem de poeta, tem mensagem literária de escritor, tem mensagem técnica, tem mensagem de tudo quanto é tipo. (Tertúlia 0933; 1h:30m).

Trigueirinho. Pergunta. Como o professor acabou de fazer um comentário sobre o Paulo Coelho, poderia falar um comentário sobre o José Trigueirinho Neto? Resposta (WV). É só pegar o meu livro ((referência ao livro 700 Experimentos)) que eu falo lá das “trigueiretes” e do Trigueirinho. A pior coisa que que tem no Trigueirinho é num dos livros dele que ele fala de outro planeta, que houve um “negócio” de ufologia. Eu não sei como é que eles tiveram coragem de escrever um livro daqueles. O “negócio” é terrível – começa pela capa. São as trigueiretes. Mas não vamos perder tempo com isso. Ele é bem-intencionado, segundo o que eles falam – eu não sei. Vamos deixar para lá. Vivam as trigueiretes – mas não entrem nessa, por favor. (Tertúlia 0933; 1h:45m).

O Santo Sujo. Eu (WV) queria fazer uma observação sobre um livro que acabou de sair (intitulado) O Santo Sujo. Todos os grandes literatos e poetas do Brasil, de uma certa época falavam nesse homem ((referência ao personagem biografado no livro, o compositor paraense Jayme Ovalle [1894-1955])) – e esse é da minha mocidade. Ele não deixou muita coisa escrita, nunca escreveu uma obra grande mas ele fez música – ele era compositor. É o primeiro livro que sai sobre ele. O caso é que “todo o mundo” implicava com ele. O Carlos Drummond de Andrade falava nele, o Manuel Bandeira, fez música com ele. Eu conheci o Carlos Drummond de Andrade e o Manuel Bandeira. Eles conheceram Jayme Ovalle e falaram que era um “cara” diferente. O nosso amigo Humberto Werneck ((referência ao autor do livro)) fez a biografia de Jayme Ovalle. Mas é literatura e arte. O livro serve para mostrar como a literatura afunda tudo e não resolve nada. São quase 400 páginas e não explica nada da personalidade de Jayme Ovalle. O autor não viu a realidade. O problema da literatura é que fala, fala, fala da pessoa e não diz nada. (...) (O autor) não entende nada de medicina, nem de pessoa, nem de consciência, nem de personalidade, nem de psicologia. (...) O Jayme Ovalle nunca foi normal porque tudo indica que ele tinha crises de epilepsia de “grande mal” e de “pequeno mal”. Pequeno mal é o processo da ausência em ele ficava estático, parado. (...) Dá pena, a gente ver a ignorância do ponto de vista das personalidades quando se fala apenas com o problema da arte e o processo da literatura. Porque é que ele não fez uma análise circunstanciada? Porque é que não explicou que Jayme Ovalle tinha sequelas da epilepsia? Não explica nada. Só exalta a pessoa, mostra a bobagens dela, mostra as coisas bonitas mas não mostra a razão, não mostra a etiologia. (Tertúlia 0934; 0h:11m).

Nelson Rodrigues. Pergunta. Qual a avaliação que o senhor faria da obra e do próprio Nelson Rodrigues ((referência ao escritor Nelson Falcão Rodrigues [1912-1980]))? Resposta (WV). É popular e superficial. Ele julgava muita coisa mas não dava solução para nada. Ele mostrava a “doença” mas não dava a “terapia” nem a “profilaxia”. Nesse aspeto, ele é um fracasso. Que adianta você expor todos os males das pessoas se você não dá um diagnóstico nem a terapia nem a profilaxia? Isso é a “droga” do problema da literatura – põe o dedo na ferida mas só fica nisso. Não trata, não cura, não leva para o pronto-socorro, não faz nada. Eu sou contra isso. Já na época eu tive debate com o povo sobre isso mas geralmente eu estava isolado, ninguém via o meu lado, era “todo o mundo” contra. (...). Ele “pegava” só o lado pior de tudo. O estudo do bas-fond, da sarjeta, ajuda a mostrar e difundir a realidade, mas… E o tratamento? E a terapia? E a prevenção disso? Você não vê nada no Nelson. Só desvio, desvio, desvio… É como se a Terra fosse um lugar só de lunáticos, de doidos. A maioria da literatura é baseada nisso. (...) Ele debate, sobre certo aspeto, a parte sociológica – é a única coisa positiva. Se uma pessoa está estudando a época, vale a pena ver as peças, o trabalho, as crónicas. Mas só isso, ainda é muito superficial, é perda de tempo. O (que importa) é aprofundar a lógica e a racionalidade de quem está ponderando, para chegar ao prioritário evolutivo. O prioritário evolutivo que eu vivo falando aqui. (Tertúlia 0937; 1h:26m).

Giordano Bruno. Pergunta. Estou pesquisando a biografia de Giordano Bruno. Gostaria de gostaria de saber se o professor tem alguma informação fidedigna sobre seu atual momento evolutivo, ressomado ou consciex. Resposta (WV). Não, não tenho. Mas vale a pena pesquisar. Eles falaram muito que o Giordano Bruno foi uma das vidas anteriores do Allan Kardec, o (Hippolyte Leon) Denizard Rivail. É uma coisa para se estudar. (Tertúlia 0966; 0h:21m).

Estudar para melhorar a produção pessoal. Pergunta. Para a pessoa melhorar a produção pessoal (ex. compreensão da produção neologística), o senhor acha que estudar filologia ajuda? Resposta (WV). É óbvio. Estudar comunicação e principalmente a linguagem, no caso a filologia, é importante. Eu sou 100% favorável à filologia, linguística, linguagem, comunicação, defesa do idioma nativo da pessoa, poliglotismo, autodidatisto. A pessoa pode produzir em outros idiomas mas sempre a partir do idioma nativo porque é onde ela tem mais "jogo de cintura", no cérebro que ela tem. Estudar filologia vale a pena, sim, mas sem os ranços da gramatiquice. A literatura é bobagem. É muita perda de tempo porque é muito processo de forma. Para mim, forma é 1% e conteúdo 99%. Eu chamo isso de conformática (conteúdo + forma). Eu classifico três dicionários cerebrais básicos: o sinonímico, o antonímico e o analógico (ideias afins). Esse é o caminho da polimatia, da erudição, da linguagem culta. O dos sinómimos ajuda no coloquialismo, na exteriorização dos pensenes, do ponto de vista da extroversão, da comunicação, da informação. O antonímico ajuda na antagonismologia, o contraponto, o antónimo. Depois, quando a pessoa entende a sinonímia e a antonímia, vai pensar na analogia - o processo analítico com comparação em que a pessoa amplia os sinónimos através da ideologia. São as ideias afins, as ideias do dicionário ideológico. Tudo isso é um processo de lexicografia e lexicologia. A pessoa traz isso atrás da testa, na cabeça. Para isso ela tem que cuidar da memória, ter uma boa memorioteca. (Tertúlia 1005; 0h:50m). Literatura ajuda mas não resolve. É preferível você escrever um livro de 200 páginas mas que seja explicitação técnica – pode ser um livro tipo apostilha, mas que vai dar informação técnica mais lúcida, mais esclarecedora –, da tarefa do esclarecimento, do que escrever um romance de 1000 páginas onde toda a informação está diluída na descrição, na narrativa. Isso é bobagem, é coisa de crianças, é superficial, é problema artístico. (Tertúlia 1005; 0h:56m). Às vezes você precisa do mestrado, do doutorado. Defende a tese daquilo que eles estão pedindo para alcançar seu título porque ele é necessário para você lecionar. Na hora que você vai lecionar, você vai ter mais liberdade de expor, vai mostrar exemplo através da sua própria pessoa, do modo de você pensar... Tudo muda. Vale a pena. (Tertúlia 1005; 0h:57m). Eu (WV) estudo tudo mas eu não dou valor para a literatura. A pessoa que lê todos os grandes clássicos da literatura mundial está perdendo tempo. Devia ler os clássicos mais sérios e técnicos de ciência porque aquilo vai ampliar a consciencialidade da pessoa, o nível de absorção dos conhecimentos básicos da evolução dela. O problema todo é a gente escolher o que seja prioritário, o mais importante, o ideal, aquilo que rende mais evolutivamente. O processo é ser utilitário com a evolução cosmoética. Então a literatura deve ser posta de lado, é secundária, não interessa, não é o ideal. Agora, é muito mais fácil mexer com literatura, é muito mais fácil mexer com criança, é muito mais fácil mexer com coisas infantis... Mas isso é perda de tempo. Nós já fizemos isso demais em vidas anteriores. De agora para a frente, é mexer com a coisa séria, mais ampla, mais profunda, mais abrangente, para se alcançar a cosmovisão. Senão, o que é que adianta? (Tertúlia 1005; 0h:58m).


Mensagem aleatória