Tertúlia 0961, Variação vernacular, YouTube, canal Tertuliarium, https://www.youtube.com/watch?v=pTWgpTC8sbk, publicado em 5 de maio de 2013.
Pergunta.
O meu filho ou filha pode vir para uma determinada dupla? Resposta (WV). Esse
“negócio” de dupla, quem escolhe é o duplista ou a duplista e varia ao
infinito. Não pode é ser casamento com os da Elizabeth Taylor que já casou uma
dúzia de vezes. O processo é (saber) quem é quem e saber escolher. (Tertúlia 0961; 0h:02m).
Pergunta. Na taxologia, os termos são todos bem próximos mas existem termos mais
próximos e menos próximos. Resposta
(WV). Alguns são bem sinónimos e outros bem diferentes. Pergunta. Você teve algum
critério? Resposta (WV). Eu
critério é o que eu escrevo. Isso me ajuda demais, nas coisas que eu escrevo.
Eu faço uma série de enumerações horizontais e verticais e é muito importante a
sinonimologia. (...). Eu quero que vocês examinem as nuances para farem as suas redações. Eu estou provocando,
espicaçando e mexendo com vocês, nesse sentido. Pergunta. Trafar e traço-fardo, são expressões
de grafia diferente mas o significado não é idêntico? Resposta (WV). É mais ou menos a mesma coisa.
(...). Vou ler (a Definiologia). «A variação vernacular é o vocábulo ou
expressão equivalente, muito próximo quanto ao sentido ou ao emprego de outro».
Te vira. No caso seria: você deve se mexer.
Taxologia (Vieira, verbete Variação
vernacular) |
Comentários sobre
os termos da taxologia, obtidos na tertúlia de apresentação do verbete em
17.09.2008 |
01. Adágio / anexim. |
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02. Anomalia / aberração. |
Anomalia e aberração são um pouquinho diferentes uma da
outra. |
03. Aura humana / energosfera. |
Aura humana e energosfera também é diferente. Energosfera
mexe com o processo da energia em geral. A aura é aquilo que você vê. Eu
ainda uso ´psicosfera´, que é mais acentada na cabeça da pessoa. A aura, também
quase sempre é um processo de coroa energética. |
04. Biotecnologia / Eugenia. |
Biotecnologia é o novo nome da eugenia, massacrada e
envelicida na Segunda Guerra. Criaram o nome biotecnologia para poder falar
de eugenia, por isso é um eufemismo. São poucas as pessoas que já perceberam
isso. |
05. Boato / factóide. |
Boato é a “conversa fiada”, o besteirol popular. Factóide
é onome técnico da política. Qual é o político que não exterioriza factóide? |
06. Charme / borogodó. |
Charme é coisa de grã-fino. Borogodó é o cara do morro.
Olha a diferença, como é grande. |
07. Conceptáculo / receptáculo. |
Conceptáculo e receptáculo, eles se parecem muito mas do
(meu) ponto de vista, o conceptáculo é mais adequado. |
08. Consciênçula / consciência-mirim. |
Consciênçula e consciência-mirim estão próximos. |
09. Consciex Livre / Conscientia libera. |
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10. Conscin eletronótica / conscin trancada. |
Conscin eletronótica e conscin trancada, são bem
diferentes e no entanto são iguais. É muito diferente mas é uma igualdade
total. É uma similitude incrível. |
11. Cura / remissão. |
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12. Decidofobia / indecidismo. |
Decidofobia é o medo, é uma fobia, é uma doença.
Indecidismo é a filosofia do indeciso. |
13. Desafio / repto. |
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14. Elenco / elencagem. |
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15. Escala / faixa. |
Escala e faixa, às vezes são bem diferentes. No entanto,
em muita coisa podem-se usar ambos. |
16. Evoluciólogo / orientador evolutivo. |
Eu gosto mais de orientólogo. |
17. Filologia / Lingüística. |
Filologia e Lingüística são diferentes. |
18. Frase / sentença. |
|
19. Gerontologia / Geriartria. |
Gerontologia e Geriartria são diferentes. Gerontologia é a
ciência – a cosmovisão. Geriatria é a medicina do velho, do idoso. |
20. Holochacralogia / Energossomática. |
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21. Inventor / heurista. |
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22. Leve / light. |
É mais ou menos a mesma coisa. É questão de idioma. |
23. Listagem / enumeração. |
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24. Megagescon / obra-prima. |
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25. Monoideísmo / idéia fixa. |
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26. Multiculturologia / Holoculturologia. |
|
27. Ofiexólogo / Ofiexologista. |
|
28. Palavra / vocábulo. |
|
29. Parágrafo / tópico. |
|
30. Período / fase. |
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31. Prevenção / Profilaxia. |
Prevenção e Profilaxia não são a mesma coisa. |
32. Próprio / auto. |
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33. Reciclante / retormador. |
Reciclante e retormador não são a mesma coisa. O
reciclante é aquele que está reciclando alguma coisa muito séria. O retornador
está caminhando com uma coisa que ele já começou, mas no fundo ele está
reciclando ou reciclou ou alguma coisa nesse sentido. |
34. Remédio / medicamento. |
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35. Sectarismo / facciosismo. |
Nem sempre uma facção é do mesmo tamanho de uma seita. |
36. Serenão / Homo sapiens serenissimus. |
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37. Sincronicidade / interatividade. |
Sincronicidade e interatividade não é a mesma coisa. |
38. Sociobiologia / Psicologia Evolucionária. |
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39. Sujeira / imundície. |
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40. Surto / crise. |
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41. Tabagismo / nicotinismo. |
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42. Tempo integral / full time. |
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43. Tocador de obra / homem de ação. |
Não é a mesma coisa. |
44. Toxicomania / drogadição. |
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45. Trafar / traço-fardo. |
É mais ou menos a mesma coisa. |
46. Trafor / traço-força. |
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47. Transparência / glasnost. |
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48. União dos opostos / afinidade dos contrários. |
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49. Veneno / peçonha. |
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50. Verborragia / logorréia. |
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(Tertúlia
0961; 0h:08m).
Antagonismo afetação formal / variação vernacular: a
variação vernacular é essa que eu (WV) estou estudando; a afetação formal é a hora em que a
pessoa começa a ficar afetada demais dentro dos parágrafos que ela escreve. Por
exemplo, usando palavras esdrúxulas, usando palavras mais difíceis, não
explicando nada ou usando muita literatice dentro do texto. Então, a pessoa
exagera no processo da forma. (Tertúlia 0961; 0h:18m).
«… o gramaticólogo; o gramaticógrafo; o gramatólogo; o
gramaticista; o gramaticão; o gramatiqueiro; o gramatista (…) a gramaticóloga;
a gramaticógrafa; a gramatóloga; a gramaticista; a gramaticona; a
gramatiqueira; a gramatista» (Vieira,
verbete Variação vernacular). Pergunta. A gramaticona
existe ou foi você que inventou? Resposta (WV). Não fui eu que inventei, não. Isso já existe. Em
matéria de gramática, tem mais do que isso, por causa das gramatiquices. É
muita bobagem que tem em relação à gramática. Mas eu sou favorável à gramática.
Eu sou diferente desses gramatólogos do Brasil que estão contra a mudança da
língua portuguesa. Eu acho que tem que mudar. Pergunta. A resistência (dos portugueses) é
maior porque eles acham que a nova forma se aproxima muito mais do português
brasileiro do que do deles. Para eles, parece perder terreno. Resposta (WV). Eles sempre
vão reclamar. Português, é o português deles, é o lusitanismo, não tem outro e
acabou. E acabou! Fim de papo. (Tertúlia 0961; 0h:19m).
Pergunta.
Podia falar mais do item 40 -
surto / crise - da taxologia? Resposta
(WV). A crise, geralmente, é um “negócio” mais amplo. O surto é mais
rapidinho. Pergunta. No
caso, os dois seriam detonadores ou provocariam uma reciclagem, ou não
necessariamente? Resposta
(WV). Os dois são patológicos. Agora, a crise, pode ser uma crise
econômica, etc., (e é usada) com mais amplitude. Pergunta. Mas no caso da crise de crescimento
que a gente fala tanto aqui? Resposta
(WV). O surto quase sempre é um processo patológico, grande. A crise,
tem o atenuante da crise de crescimento e outras “coisitas mais”. Mas a crise é
mais usada do que o surto. Surto, quase sempre é mais expressivo para algum
processo de excesso, principalmente emocional. Pergunta. E quase sempre o surto tem processo de
assédio no meio? Resposta
(WV). Não, isso varia muito. Às vezes tem autassédio, isso é comum. O
surto de gripe é uma doença. O que eu quero é que vocês examinem que às vezes
há mais palavras (do que) essas que vocês estão usando. (Tertúlia 0961; 0h:22m).
Pergunta.
Você poderia dar um exemplo de recursos didáticos filológicos? Resposta (WV). O caso é o
seguinte: «No contexto da Experimentologia, a complexidade da consciência exige
o emprego de todos os recursos didáticos, até os filológicos, com o objetivo de
o comunicador, homem ou mulher, permanecer nos parâmetros da técnica da
circularidade sem extravazar as expressões com duplicidades, redundâncias,
pleonasmos e batopensenes, além de evitar cair nos excessos do gongorismo e da
verborragia» (Vieira, verbete Variação vernacular). Filológicos, no
caso, são os termos mais técnicos sobre
determinado assunto, tipo lexema e outros mais. Hoje, eles batem muito nisso na
universidade. Às vezes, você tem que entrar numa coisa dessas, não tem jeito.
Tem que falar o idioma, dentro de uma gramática
mais avançada. A complexidade da consciência, às vezes exige isso. Eu
tenho que falar essas coisas aqui e lá no Homo
reurbanisatus eu falei muito nisso – nas aproximações simples e outras
coisas mais. (Tertúlia
0961; 0h:24m).
Pergunta.
Tanto o verbete de ontem, Matematização
do conceito, como o de hoje (Variação
vernacular), levam a gente a ficar mais atenta ao conteúdo dos fenômenos? Resposta (WV). Não é só
isso. Eu devia de cobrar, quando falo dessas coisas: isso aumenta os seus
dicionários cerebrais. Aumentando os seus dicionários cerebrais isso vai ecoar
na ressonância, no seu próximo corpo. Aí, é o sinonímico principal, mas ele
entra no antonímico e entra também no analógico. Isso aqui já é analogia, já é
estudo analógico, já é estudo de ideias mais avançado. Eu tenho falado aqui
esse tempo todo que falta o processo da expansão da ideia, porque não há
cosmovisão. Nós temos que trabalhar
nisso para expandir essa cosmovisão. Como é que vai expandir uma cosmovisão sem
mexer nos dicionários cerebrais? Não tem jeito. A gente tem que “bater” nesses
três dicionários. Com o passar do tempo, eu acho que a maioria aqui vai começar
a ver, quando estão lendo alguma coisa, que os autores começam a repetir
determinada expressão e eles vão marcar isso. Eu faço isso desde que eu era
rapaz. Então, você vê a fraqueza do autor. Quando é um autor extrangeiro se ele
repetiu demais um assunto, uma expressão ou uma palavra, chega a um ponto que você
vê que não é o tradutor, é ele - isso é o pior que tem. E é muita gente assim. A coisa é muito séria.
Uma vez eu fiz uma crítica disso e mandei para a editora. Eles não quiseram publicar a crítica mas
consertaram o livro, que eu eu falei que estava tudo errado. Só numa página
tinha 22 “que” – página normal, não estava explicando nada sobre “que”. Tinha
22 partículas “que” (numa página), em outra página tinha 21, em outra 19, em
outra 40… uma loucura! Mas começava tudo na de 22. E o cara é “tido” da literatura,
é um nome da literatice do Brasil. Não falaram nada sobre isso, mas o livro foi
corrigido, na surdina. Nem responderam, ficaram danados da vida comigo. Eu
tenho resenha crítica de mais de 80 livros. O António estava até querendo fazer
um livro, com isso. E (de) livros bons, que interessam para a gente. É a
heterocrítica. (Tertúlia
0961; 0h:26m).
Pergunta. Qual foi o critério que você usou para selecionar os parasitas de linguagem
que você não usa mais no seu texto? Resposta (WV). O critério é que eles embolam o texto e
dispersam a ideia, a atenção e a concentração mental do leitor. Do jeito que eu
faço, eu vou direto aos finalmente e corto os intermediários. É como se eu
estivesse afastando os médiuns, saio do corpo e vou lá falar diretamente com o evoluciólogo
– é a mesma coisa. Eu cortei, até agora, 29 tipos de parasitas de linguagem,
que eu considero, mas existem mais. Eu tirei o grosso para ver se a gente pelo
menos lança a moda. Tem muita gente já usando esse estilo. (Tertúlia 0961; 0h:30m).
Pergunta.
Uma vez o senhor falou sobre a Enciclopédia (da Conscienciologia) ser um
misto da cultura popular com a cultura erudita. O senhor podia explicar isso um
pouco mais? Resposta (WV). Na
hora em que eu mostro uma linguagem erudita dentro de formas populares, eu
estou fazendo um casamento da plebe com a monarquia. Então, é muito engraçado:
a rainha vai casar com o pedreiro ou com o garibaldo. Pergunta. Mas são as ideias que são eruditas ou
é a linguagem que é erudita? Resposta
(WV). Eu misturo o conteúdo, a linguagem, a forma, o modo, a
apresentação e as técnicas. Eu uso técnica erudita e uso técnica popular. As
linguagem erudita e popular ficam mescladas. Os meus verbetes são apostilhados
mas há ideias que são mais aprofundadas. Esta de hoje, por exemplo ((referência ao verbete Variação vernacular)), não pode
ser muito profunda porque estamos falando de linguagem, da conformática, mas
tem algumas que são profundas. Não faz muito tempo que teve uma dessas aqui que
deu gritos sobre filosofia. Aquela era erudita, foi preciso explicar uma porção
de coisas – exegese, hermenêutica... deu
um “galho” danado. Aquela era ao mesmo tempo erudita e popular. Popular porque
tudo é feito com tradução direta num apostilamento. Apostilha é síntese, é
resumo, é uma linguagem quase que telegráfica. Olha as técnicas que eu uso –
essas 70 sessões que eu estou usando. Pergunta. De qualquer forma, essa mescla não é uma tradução
popular, porque se a pessoa não tiver certo nível, ela não entende. Resposta (WV). Para você
estudar a consciência, não tem jeito de popularizar isso mais. Eu acho que eu
já cheguei no limite das minhas possibilidades. O que eu podia popularizar, eu
já fiz. (Tertúlia
0961; 0h:31m).
Pergunta.
Quando você apresenta gírias e essas expressões bem coloquiais no meio
de um verbete mais sério, qual é a intenção? Resposta (WV). A intenção é dizer que tudo isso
faz parte da natureza humana. A gente não pode dispensar. Isso tudo faz parte
da natureza humana, nós não podemos dispensar. Como é que a pessoa vai entender
a baratrosfera se ela não estudar o palavrão? Como é que uma pessoa vai estudar
o que é que é uma consciência bem avançada, se ela nunca viu nada sobre
pornografia? Ela tem que saber o que é que é pornografia. Então eu acho que a
gente tem que estudar tudo, selecionar o melhor e chamar a atenção para a
evidência do momento evolutivo – aquilo que interessa. E em parte é o que eu
faço aqui com vocês. Pergunta.
Quando você escolhe entre erudito e popular (a linguagem popular) tem
palavras que explicam melhor. Resposta
(WV). Em tese, a gíria sempre expõe melhor para a maioria porque foi
criada pelo próprio povo. O erudito não, ele foi criado pelo laboratório,
dentro de casa, no escritório, na pesquisa, na biblioteca, na holoteca – é
diferente, é un petit comité, um
grupo específico. Se a gíria cai no gosto do público, é um processo popular. Pergunta. Mas também tem
que usar certas palavras eruditas. Resposta (WV). Eu já falei para vocês que eu fui defender o
Fatos & Fotos lá na Manchete. Nós tivemos um jantar da cúpula da
comunicação, junto com povo da Manchete, lá na sede da Manchete. Eu fui lá
representando uma empresa, por causa da bolsa. Então, no jantar, tinha uma
pessoa no meu lado que era também um dos responsáveis pela revista, na ocasião.
Eu comecei a defender que nos últimos três números da revista apareceu muita
gíria e que eu sou 100% favorável. Eles disseram que isso ia durar pouco porque
eles iam acabar com isso. Então eu disse que a revista ia fechar – e continuei
jantando. Vocês já viram: a Fatos & Fotos sumiu da praça, logo depois. Eles
tinham começado a fazer um “negócio” mais geriesco, chamando a atenção para
isso. Eu falei assim: - “O mundo precisa dessas coisas. É bom vocês arranjarem
uns dicionários de gíria e mandar para lá para eles fazerem o texto. Isso pode
ajudar muita gente”. Desde que (usada com) bom gosto, a gíria é uma linguagem
igual às outras. Pergunta. Mas
no nosso caso, você usa bastante (linguagem) popular. Tudo bem. Mas a sua
intenção é justamente explicar mais? Resposta (WV). É explicar mais e mostrar as diferenças de uma e
outra. Você já deve ter percebido que quando a gíria é muito giriesca, (eu
coloco-a) entre aspas muito raramente, mas quase sempre em itálico. Pergunta. Dentro desse
padrão, você tem uma dosagem? Resposta
(WV). Tem. Você não pode fazer só isso. Eu já fiz páginas só de gíria,
quando eu estou estudando a gira. E já fiz páginas e páginas só de cacófonos
quando eu estou estudando cacófonos. Isso faz parte do serviço. (Tertúlia 0961; 0h:36m).
Pergunta.
O estrangeirismo, em geral, também explica mais. Resposta (WV). Com o estrangeirismo, eu
quero mostrar o universalismo. Uma pessoa que é da holofilosofia, do
universalismo, ela tem que admitir o estrangeiro. E outra coisa: nacionalismo,
para mim, esse nacionalismo estridente, eu acho isso de vomitar. Porque isso é
contra o Estado Mundial, é contra o universalismo, é contra a humanidade, é
contra a parapopulação do cosmos. Eu sou contra parede, porta, janela,
fronteira, limite. Eu acho que tudo tem que ser devassado e aberto. Pergunta. Eu vejo que aqui
no Brasil se usa bastante estrangeiro. Em Portugal quase não se usa… não sei. Resposta (WV). Porque eles
são os criadores da língua e prezam demais a língua mater que eles mesmos criaram. Nós não. Nós aqui não criámos
língua, nós temos mais liberdade e a gente usa a língua melhor porque não há
inibição. O lusitano é inibido com a própria língua. (Tertúlia 0961; 0h:39m). Pergunta. Não sei se o
pessoal sabe que no meu tempo quando eu comecei a estudar os meus professores
eram contra o estrangeirismo. Resposta
(WV). E (alguns) ainda são. Escuta. Eu já contei aqui o caso das
mensagens Mário Palmério, você lembra? Foi baseado nisso. O Mário escreveu
livros regionalistas. Então o linguajar, o estilo, o próprio vernáculo que ele
usava era regionalista. Chegaram para o filho dele e (disseram) que receberam
umas mensagens psicografadas do pai dele e queriam que ele as examinasse. E
trouxeram aquele monte de mensagens onde estava escrito Mário Palmério. Ele
abriu a primeira, viu que estava cheio de estrangeirismos e disse: -”Isto não é
de meu pai. Meu pai era regionalista, como é que ele ia escrever (um texto) com
estrangeirismos?” Eu conhecia o Mário e sei também que aquilo era fajuto. E o
Marcelo jogou fora as mensagens, porque não eram do pai dele. A mensagem mostra
a personalidade. Agora ele começa a falar de outros idioas?! E o Mário
conhecia… o Mário conhecia até alemão. (Tertúlia 0961; 0h:40m).
O que eu quero é expor a ideia. O processo é que a
criatividade é superior à comunicação – e ela tem que vir antes. Uma vida é
pouco para fazer a enciclopédia da consciência. Eu estou com essa jactância
para fazer isso mas numa vida… isso é bobagem. Mas a gente tenta… mostra uma
bobagenzinha… depois a gente faz uma
bobajona, na próxima vida… ((gracejando)). Até lá, nós já vamos ter
computadores melhores. (...). Quem sabe,
se a gente falar, alguém vai ter alguma ideia para resolver. Eu só quero que
alguém me arranje um jeito de ter um arquivo onde eu eu possa escrever 15000
páginas – da página 20 à página 131784 – é isso que eu quero. (Tertúlia 0961; 0h:43m).
Pergunta.
Qual seria a raiz em termos de conteúdo entre acomodação e alienação? Resposta (WV). É a
intencionalidade, que leva você a se acomodar ou não. Pergunta. Como é que a acomodação e a alienação
podem afetar a imperturbabilidade da pessoa nas suas manifestações? Resposta (WV). É a pessoa
ser ponderada e ver qual é a prioridade daquilo que ela quer, qual é o
objetivo, não sair do megafoco. Alienou… a pessoa está fora do megafoco, já acabou
tudo. Se ela fica exasperada também já não tem mais equilíbrio. Então, o
processo é você ficar no megafoco, com equilíbrio. E isso precisa de
intervenção precisa da vontade, precisa de disciplina e de organização, senão
não chega lá – é muito difícil. (Tertúlia 0961; 0h:45m).
Pergunta.
Usei a expressão “rumática evolutiva” e não está dicionarizada. Entendo que o
sufixo “ático” está qualificando a palavra “rumo”. Como devemos proceder na
escrita conscienciológica, ou de um verbete, quando a palavra não está
dicionarizada, levando em consideração as técnicas de escrever e a autonomia
inventiva? Resposta (WV). Se
a palavra é nova, você tem que olhar a técnica de formação de neologismos. Uma
das técnicas que eu uso muito é a do acrônimo. É bom olhar sempre na internet
se já existe a palavra. Quase sempre a gente está reinventando a roda – alguém
já escreveu sobre aquilo. Em 10 palavras que eu procuro, geralmente duas não
tem em parte nenhuma mas 8 já (foram usadas por alguém) – 80% é mais ou menos a
média. (Tertúlia
0961; 0h:46m).
Pergunta.
Para a pessoa perceber suas variações vernaculares, ela precisa ter
auto-percepção da sua comunicação? Resposta (WV). A primeira coisa que a pessoa precisa é fazer
uma revisão do texto dela para ver o que é que ela pode mudar. Se ela vê que
uma palavra está se repetindo demais, ela tem que procurar outra para colocar
no lugar, desde que não mude o sentido, a acepção, o que é que ela quer dizer,
a significação do processo. Precisa ter autopercepção sobre o próprio texto dela,
isso precisa. É sempre bom a gente se colocar na posição do leitor e da
leitora, do jovem e do maduro, do adulto, para ver como é que ele vai reagir
perante aquilo que a gente escreveu. Eu uso aquela técnica contra os
americanos. Eu estava lá, passamos uma noite fazendo uma revisão e os
americanos queriam mudar tudo. Eles disseram: -”Ninguém vai entender o que você
escreveu”. Eu respondi: -”Então, eu prefiro não escrever, não publicar com
vocês, eu publico do meu modo”. Eu não quero torcer o que eu penso para fazer
um negócio normal, tipo americano. Tudo aquilo que eu estava enfatizando estava
caindo, com a linguagem dos americanos. Eu não entro nessa. Isso tudo aconteceu
lá em New York. Não vale a pena. Eles querem vender para ganhar dinheiro, não
interessa mais nada, não há profundidade do assunto, é tudo superficial. Eles
disseram: -”Não, senão ninguém vai entender o que se vai escrever!” E eu disse:
-”Vai. Há um que vai entender, e já valeu. O resto não interessa, o resto é
você, é a aura popularis, é o processo
da reurbex, é a pessoa bitolada – não dá!” Quando a bitola popular é do povão é
ótima mas quando é dos literatos é coisa da baratrosfera. (Tertúlia 0961; 0h:49m).
Pergunta.
Como uma pessoa pode perceber seus autenganos na comunicação? Resposta (WV). É fazendo a
revisão e perguntando para todo o mundo o que é que achou depois que houve a
publicação. Quais são as observações feitas ou análises ou críticas que vieram
de fora sobre o texto? A gente sempre ganha com a heterocrítica. A Rosa, a
Kátia e a Adriana guardam certas coisas que servem de crítica para aquilo que
estou escrevendo. Eu levo isso tudo em consideração (assim como) tudo o que
falam aqui. Às vezes eu “dou o contra” na hora, (mas depois mudo) – tem coisas
que eu “jogo a toalha”. Se eu ”jogasse a toalha” sempre depois de escrever,
ficaria tudo melhor, seria o máximo. É bobagem você escrever uma coisa que
ninguém critica. Qual é o melhor livro? É aquele que foi mais criticado. (Tertúlia 0961; 0h:52m).
Pergunta. Há algum tempo atrás houve uma discussão sobre a mudança de “mentalsomática”
para “mentalsomatologia”. Resposta
(WV). É “mentalsomatologia”. O Antônio está fazendo a mudança. Pergunta. Qual era a ideia
inicial e porque (não se manteve o termo “mentalsomática”? Resposta (WV). No início,
(eu não falava) palavras sesquipedais. Agora, eu já estou trazendo as
(palavras) sesquipedais. Se eu falasse isso no início, ninguém ia entender e ia
ficar uma coisa muito hermética. Hoje, vocês já viram que eu sou capaz de falar
gíria ou baixo calão e sou capaz de falar o erudito, se precisar, em certas
coisas – não é tudo, mas alguma coisa a gente aguenta. Se eu entrasse com isso
no início, ninguém ia ler nada, ficava como aquela repórter de Brasília. Esteve
um dia inteiro a fazendo uma entrevista comigo: subi e desci a rampa, filmou
isto, filmou aquilo, cenas disto (e daquilo)… e passa um mês e não publicam
nada. Então a Malu telefona para lá e pergunta o que houve. Eles disseram:
-”Não dá, é muita coisa…” Então ela foi lá e eles fizeram a publicação com
pouca coisa, só para constar. Entende? Não adiantou nada. Eram 2 focas: um
fotógrafo foca e uma repórter foca. Então, como eu não estava no Ártico…
((risos)). (Tertúlia
0961; 0h:53m).
Pergunta.
Quando o senhor substituiu a palavra “mentalsomática” (por “mentalsomatologia”)
é porque a palavra “mentalsomática” pode ter um outro sentido dentro do estudo
da mentalsomatologia? Resposta
(WV). A “mentalsomatologia” é mais uma ciência. O sufixo “ática” não é
tão bom como “logia” – logia é logos,
é ciência. Pergunta. No
estudo do mentalsoma, essa palavra “mentalsomatologia” é melhor, concordo. A
pergunta é: “mentalsomática” pode ter um novo significado? Resposta (WV). Não. Pergunta. Não poderia ter
uma variação de sentido, já que a palavra oficial vai ser a outra? Resposta (WV). Não, (mas)
depende do texto. O meu texto repete demais as expressões. Se eu não arranjar
sucedâneos, se eu não arranjar sinônimos, eu estou perdido, fico repetindo
demais. Eu já repito alguns (termos) porque tem que ser, que são os subtítulos
das seções: definologia, tematologia... já houve gente que reclamou disso, mas
veja: isso coloca direitinho o pensamento da pessoa. O maior “burróide” vai
direitinho onde precisa, não tem jeito de ele sair, porque ele está preso. Eu
faço currais do pensamento, a pessoa fica encurralada. Ou ela admite o curral
ou ela tem que cair fora, no campo ou no pântano ((gracejando)) – sai do curral
e vai cair no pântano, não tem jeito. É o encurralamento da ideia, encatoar a
pessoa, ideologicamente ou ideativamente. Ideologicamente e ideativamente são
parecidos mas não são iguais mentalsomaticamente, intelectualmente. Vocês já
viram que eu jogo com uma série de sinônimos. Eu arranjo sinônimos em qualquer
área, porque esse é o dicionário mais fácil. (Tertúlia 0961; 0h:55m).
Pergunta.
O que é que vai ajudar mais a pessoa que quer ter uma ideia original na
escrita: o estudo, a leitura, a reflexão, o recolhimento, a associação de
ideias…? Resposta (WV). Tudo
isso que você falou. Mas a coisa mais séria é ela pegar no universo das ideias
(sobre as quais) ela quer escrever e ficar com o filet mignon desse universo: (saber) quem é o “papa” dentro daquela
área e quais são as ideias mais novas que saíram a respeito. Ler tudo, anotar
tudo e tem uma visão própria, pessoal, do assunto. O ideal é ver tudo o que
existe sobre o assunto, ter a cosmovisão do assunto. (Tertúlia 0961; 0h:57m).
Pergunta. Qual é a palavra principal, aquela que é mais abrangente, a
palavra-chave-da-chave no grupo de sinónimos: arrogância, prepotência, orgulho,
pesporrência, presunção, ostensibilidade e superioridade? Resposta (WV). Olha, aqui
tem uma que é a mãe de todas. (...) A mãe de todas é o orgulho. Essa é a que
você está procurando. Prepotência, arrogância e pesporrência são mais ou menos
mesma coisa. Presunção, às vezes tem uma certa diferençazinha, pequena.
Ostensibilidade é uma coisa bem mais suave e menor – como patologia, é uma
patologia superficial. Superioridade também pode ser muita coisa. Então, essas
últimas não têm nada a ver com (as anteriores). Agora, o orgulho, depois do
egoísmo, é a coisa mais séria, dentro da parapatologia, ou da patologia da
natureza humana. Arrogância, prepotência… e tem mais, por exemplo, supremacia.
Se falar de política tem que falar de supremacia – e é muito mais sério do que
isso tudo. (Tertúlia
0961; 0h:58m).
Pergunta. Nas comunicações dos amparadores mais técnicos, de mentalsoma, normalmente
eles falam usando uma palavra só, não é? Resposta (WV). Não é bem assim. É na base de uma interação
telepática. Essa interação telepática traz uma conotação que transcende a
comunicação escrita. Eles não usam propriamente a palavra, eles te dão uma
estrutura do que eles estão pensando. (...). Guardar a estrutura da ideia é
mais fácil porque ela tem mais pegas, ela tem mais raiz no córtex. Guardar uma
palavra é muito específico. E a maior prova disso é a retrocognição. No
processo, por exemplo, da rememoração de uma projeção, a pessoa tem mais
dificuldade em guardar determinada palavra específica do que (em guardar) o
acontecimento que a afetou. Se é um processo de emoção, a pessoa tem melhor
memória. Pergunta. Mas
por exemplo no ECP2, quando as pessoas fazem perguntas, as respostas são bem
sintéticas. Resposta (WV). São,
mas aí não tem telepatia. Eu estou falando de telepatia, por exemplo, na (minha
comunicação) com o Enumerador vem aqueles flashes.
É necessário que esses flashes, dos
episódios, se ampliem cada vez mais para a gente chegar na pangrafia, porque a
pangrafia é a mãe de todos. (Tertúlia 0961; 1h:03m).
Pergunta.
O senhor colocou na Antonimologia (Vieira, verbete Variação vernacular) o “termo invariável”. O que é que seria um
termo invariável? Resposta
(WV). Tenepes. Tenepes é só uma coisa – é um acrónimo. É uma tarefa
energética pessoal, fim de papo – não pode ser outra coisa. Por exemplo, você
não pode fazer doce de tenepes, nem meia ou sapato de tenepes. Pergunta. Então existe uma
diferença entre a variação vernacular e o termo invariável. Resposta (WV). É. O termo
invariável está na Antonímia, não está? Observa que é outra coisa. (Tertúlia 0961; 1h:07m).
Pergunta.
Existe sincronicidade sem interação? Resposta (WV). Existe interação sem
sincronicidade? A sincronicidade está bem dentro da cronêmica – é o tempo, é o
símbolo. Interação é um processo espacial, proxêmico. Cronêmica e proxêmica. (Tertúlia 0961; 1h:09m).
Pergunta.
Professor Waldo, em relação às palavras (das quais) a pessoa não se
lembra, isso é só em relação à forma ou é também em relação ao sentido? Resposta (WV). É em relação
à forma de uma palavra específica. Você lembra que existe mas não lembra da
palavra. Nós todos temos esse problema. Pergunta. E o contrário? Quando a pessoa lembra da palavra mas
não lembra o significado? Resposta
(WV). Isso é porque ela não aprofundou, não vivenciou o processo. Quando
vivencia, não existe isso, nunca. . (...). A forma é o que se esquece. O
conteúdo é mais inesquecível. (...) A pessoa que faz uma narrativa, expõe o
processo, ela fixa mais. No caso, é quase que uma técnica instintiva. (Tertúlia 0961; 1h:11m).
Pergunta. O senhor lançou a Holochacrologia
e depois Energossomatologia. Essa variação teve um outro motivo? Resposta (WV). Teve.
Processo histórico. Eu tinha que falar muito em chacra. Falei de holochacra até
o povo acostumar. Hoje eu uso mais energossoma, energossomatologia e
energossomática em vez de holochacra. Você pode usar uma palavra que está
prostituída (como a palavra “carma”), desde que você faça a plástica. Dos
males, o menor – faça a plástica, a lipoaspiração. Pergunta. No espiritismo não houve essa abertura
para incorporar essas palavras (do hinduísmo). Resposta (WV). Não, eles não permitem porque
tudo é bitoado. Eles louvam, exaltam e fazem apologia de dois livros: Evolução em Dois Mundos e Mecanismos da Mediunidade. Lá está
falando nisso, mas eles não falam nisso. Eles só exaltam os livros mas ficam
por aí. Como Allan Kardec não tocou nesse assunto, eles não admitem. Esse é que
é o processo bitolado do problema de religião e de seita. O espiritismo se
transformou numa seita cristã, igual às outras. (...). Se tem religião, estou
fora – “me inclua fora dessa”. Chega. Eu tenho retrocognição, eu lembro de
outras vidas, religião não dá certo, eu já morri por causa disso. Tudo evolui e
vamos ficar assim? Como é que é? (Tertúlia 0961; 1h:13m).
Pergunta.
Quais são os indicativos para a conscin saber que teve curso
intermissivo? Resposta (WV).
No 700 Experimentos tem uns dados que seria bom a pessoa responder, para
saber se teve curso intermissivo ou não. Procura pelo índice: Curso
Intermissivo. (Tertúlia
0961; 1h:17m).
Pergunta.
Ao longo dos séculos, a variação vernacular vai mudando em função da
cultura. Resposta (WV). E
vai expandindo o idioma, ele vai crescendo. Pergunta. Então, se a gente ler determinadas
obras com a variação (vernacular) de outras épocas, como é que fica isso em
função de recuperação de cons? Resposta
(WV). Você não está recuperando palavras, está recuperando a
manifestação pensênica, o conteúdo. Pergunta. Mas se a gente lesse livros com a variação vernacular
de outras épocas, isso ajudaria como fator desencadeante? Resposta (WV). Para fazer a
evocação, quanto mais você ficar no tempo e no espaço melhor. Isso é óbvio. Pergunta. Eu queria saber
se é o mesmo efeito de assistir filme de época. Resposta (WV). Sim, mas a coisa mais séria é o
tipo de invocação que você faz. Não interessa se você está usando a forma atual
ou uma histórica, da época. O problema é ver o nível, a qualidade, a
profundidade e o alcance da sua evocação. Aí, é o processo de manifestação
pensênica. Isso é o problema da forma. A conformática é secundária, é a moldura
do quadro. O que interessa é a mensagem que está naquele quadro. Pergunta. E aquela condição
de quando se vai fazer terapia com algumas conciexes e se usa a linguagem
daquela época? Resposta
(WV). É porque aquela pessoa está totalmente congelada no tempo. Ela
está paradona lá, ela não saíu daquilo. Então, é preciso despertá-la para
alguma coisa. Mas para isso, a gente tem que fazer o rapport, tem que falar na linguagem dela, do jeito que é. Na hora
em que ela localiza você, (recorda) a amizade. (Tertúlia 0961; 1h:18m).
Pergunta.
Professor Waldo, como é que a gente faz para saber quando a palavra é erudita? Resposta (WV). O erudito é
mais intrincado, mais raro, mais sofisticado e quase sempre aquela palavra
expõe mais o assunto em si mesma. Entendeu? Ela é concentrada. Quase sempre, a
significação (da palavra erudita) é mais concentrada. E quase sempre ela tem
uma história mais técnica. A gíria, a linguagem popular, mesmo a etimologia é
muito popular. A linguagem técnica não, ela tem um histórico mais erudito. Isso
é regra. (Tertúlia
0961; 1h:25m).
Pergunta.
Além de tudo isso que você fala, o que é que poderia ajudar mais na
cosmovisão comunicativa? Resposta
(WV). É a pessoa pensar grande. Eu coloquei no quadro, lá no holociclo:
«Pense grande. Hoje é o grande dia.» No outro dia, a pessoa chega lá e fala
assim: -”Hoje é um grande dia, de novo.” Está lá o tempo todo: “pense grande”.
Faz alguns anos que eu tenho aquilo lá. Esse “pense grande” é a base de tudo.
Que é pensar grande? O povo tem dificuldade para entender o que a gente quer
falar com isso. É a cosmovisão. É o generalismo. É ver a coisa panorâmica e não
(apenas) o processo pontual. Não ver o simplismo, mas ver a complexificação.
Caminha por aí. (Tertúlia
0961; 1h:27m).
Pergunta.
Ontem, quando apareceram as consciexes ((referência a duas consciexes - um homem que usava uma
blusa antiga, bufante, muito bonita, azulada, com uma raias claras no ombro e
uma mulher estava com saia rodada - das quais Waldo Vieira falou na tertúlia
960, sem referir o teor da conversa que teve com elas)), você “abriu o
jogo” para mim e para muita gente aqui. Falou coisas do passado, que eu acho
bem sérias, e mexeu bastante comigo e com outras pessoas. Você fala sempre que
só “abre o jogo” para a pessoa quando o amparador pede para falar. Nesse caso,
essas consciexes, falaram para você “abrir o jogo”? Resposta (WV). Eu falei alguma coisa mas, não é
muita coisa... porque eu não sei. Pergunta. Mas então, foi indicação dessas consciexes, para
falar essas coisas, ou não? Resposta
(WV). Até um certo ponto. É tudo ligado à gente. Pergunta. Mas, como é que nessa hora,
você e as consciexes avaliam o fôlego da pessoa para receber essa informação?
Como é que isso funciona? Resposta
(WV). Eles sabem disso tudo. Isso aí é fichinha. Eles têm uma noção
muito mais profunda do que todo o mundo aqui. Esses dois que vieram aí, você já
viram quanto que eles já não frequentaram a psicoteca? Conhecem o seu gorgomilo
de 15 vidas, se quiserem, na hora. Vocês precisavam de ter uma aula com Hayek.
Só. Mais nada. Uma aula com o Hayek ia fazer o desbunde geral. Pergunta. Qual é o
objetivo, nesse momento, da consciexe falar do passado da pessoa? Qual é o
objetivo principal deles? Resposta
(WV). É fazer rapport com a
gente para que os outros possam fazer rapport
com todo o mundo. Está abrindo o caminho para contacto, comunicação,
comunicabilidade, conviviologia - tudo é mesma coisa. Pergunta. Além disso, não tem a ver com um
processo íntimo da pessoa? Resposta
(WV). Não tem a ver com a pessoa (mas com) o grupo. Ele está trabalhando
sempre com o grupo. Pergunta.
Mas, até certo ponto, é inevitável que a pessoa fique mexida. Resposta (WV). E daí? Isso
é ótimo! Retirar a pessoa da inércia. (...). Sair da inerciologia para a
dinâmica. Pergunta. Mas
é também para provocar algum tipo de mudança íntima, na pessoa, não é? Resposta (WV). Sempre é.
Cada dia, o ideal seria que cada um de nós tivesse uma dor de barriga para
mudar alguma coisa. Pergunta.
O processo era fazer impactoterapia para poder fazer mais rapport e
resgatar o grupo…. Resposta
(WV). … tem gente que só faz meditação no troninho do banheiro
((gracejando)). Tem gente (à qual) eu falo uma coisa hoje, o ano que vem eu vou
falar de novo e daqui a 5 anos eu vou falar de novo e eu estiver por aí com a
pessoa na minha frente, por ela ainda não fixou. E às vezes são as pessoas que
têm mais abertismo consciencial. Pergunta. Eu queria entender só mais um ponto, Waldo. Na hora
em que você “abriu o jogo” para a pessoa, a pessoa vê a sua realidade do
passado, fica mais mais consciente e isso ajuda a fazer o rapport com as consciências que têm que ser resgatadas. Mas está
evocando aquelas consciências. Aquelas consciências vão reconhecer a pessoa. Resposta (WV). É, tudo é
evocação. Pergunta.
Sim, mas você fala às vezes quando você vai para um país que nunca foi e você é
descoberto pelas consciências, isso pode trazer assédio. Resposta (WV). Aqui não
estamos fazendo assistência. Ninguém está pensando mal de ninguém. Outra coisa:
tudo é estudo. Tendo estudo, é estudo, está tudo claro, não tem saída. É tudo
tapa na cara e soco no queixo com fratura exposta. Pergunta. A pessoa está pronta para isso. A
pessoa está no nível melhor. Ela evoca, ela sabe quem foi, o que é que ela fez,
mas aguenta esse rapport e essa
evocação. Resposta (WV). Eles
já sabem que o nosso nível é esse. Eles não vêm aqui fazer uma pasmaceira. (Tertúlia 0961; 1h:28m).
Pergunta (Selene) Às vezes, é difícil para a
gente encaixar tudo. As retrocognições são um quebra-cabeça sério. Resposta (WV). Se fosse
fácil você lembraria por você. Vamos supor que nos últimos 27 séculos você teve
no mínimo 20 ou 30 vidas, porque o povo vivia 30 anos e morria. Então pensa bem
como é que você vai juntar 20 vidas dessas? Como é que fica isso? Você está
entendendo a complexidade dessa história? Quando a gente fala uma coisa dessas
para fazer assistência já cria um problemão... Isso tem que ser superado.
Agora, o que é que falta? Em que eu falo, vou repetir: cosmovisão, visão
panorâmica, ver a coisa além do primeiro plano, ver o segundo, o terceiro e os
outros planos, não ver um cenário pequenininho, ver um cenarão, um cinemascope,
surround sound, a vastidão e não a
estreiteza. Agora, veja: até hoje, a gente ainda precisa de usar curral com a
ideia. O ideal seria não precisarmos mais de curral. Eu tenho falado muito aqui
para a gente acabar com a parede, com a porta e com a janela, visando isso. É o
jeito que eu estou arranjando para ver se esclareço o processo de devassar. (Tertúlia 0961; 1h:33m).
Vocês repararam que eu (WV) falei só para um petit comité? Por um
processo de educação. Eu às vezes sou educado, por incrível que pareça. Tinha
sete pessoas. Sete pessoas não é muita
gente, é um petit comité. Foi uma acariação multissecular. Eu estava amoçando…
porque é que vocês vieram xeretar o meu almoço ((gracejando))? (Tertúlia 0961; 1h:35m).
Pergunta (Selene). Em
alguns casos, e até inclusive no meu caso, você fixa uma vida ou um aspecto
dessa vida – no meu caso, da África e da Bahia… enfim. E tem coisas antes, tem
coisas que eu lembro mas é difícil juntar as peças. Resposta (WV). Eu posso falar para o Wagner
(Alegretti)? Resposta (Selene).
Pode. Resposta (WV). O
caso é o seguinte. Ela mexeu com a escravatura, (um caso muito sério) e hoje
ela é essa mulata bonita que você está vendo. Ela nasceu na Bahia. Saiu da Casa
Grande e foi diretamente para baixo da senzala. E agora está aí, sabendo de
tudo. Fez medicina, para assistir os outros, presta atenção… que é que ela quer
mais? Resposta (Selene). Mas
tem uma parte nebulosa nessa história. Tem coisas complicadas. Resposta (WV). Sempre tem. Resposta (Selene). Essa
nuvem aí... eu não consigo abrir esse véu… Resposta (WV). Quando houver necessidade, aquilo
vai ficar claro. Para isso, você tem que fazer assistência. A inscrição, a
matrícula, o pré-requisito, é a assistência. Faz assistência que você vai
chegar lá. Um dos temas mais difíceis é justamente isso – a obscuridade. O dia
que tiver vantagem para o seu trabalho saber disso, você vai saber. Nós somos
diferentes da eletronótica. O cara da eletronótica nem pensa que existe isso.
Ele está numa nebulosa, está longe da nossa realidade. Quando nós começamos a
ter uma realidade multidimensional, multiexistencial, multissomática e
multimilenar, a coisa vem, porque aquilo é importante para o processo da
programação existencial. (Tertúlia
0961; 1h:36m).
Esses amparadores evoluciólogos, eles
precisam da gente. Eles precisam de você, precisam da Laura (Sánchez), com
todas as reclamações dela, precisam de mim (WV), precisam do Arlindo... Porquê? Para fazer rapport com esses outros que estão em
pior situação do que a gente. No entanto, muitos desses que estão em pior
situação do que a gente, eles estão melhor do que a turma da electronótica.
Isso é que é o terrível dessa história toda. Então você veja o trabalho que não
tem por aí! Nós nem começamos a movimentar o serviço que tem para ser feito por
aí, esse da reeducação. É muita coisa que ainda tem para fazer. São
cordilheiras, himalaias de serviço para remover. Pensa nisso. Ajudando a gente,
eles preparam-nos para ajudar os outros. Ajudando esses, eles ajudam outros,
até chegar àqueles outros que estão obnubilados totalmente. A maioria desse
povo tem lucidez, tem boa articulação pensênica, sabe o que está fazendo, não
tem é a elucidação, não tem esclarecimento. Eles estão obnubilados. Pergunta. Num caso como
esse, por exemplo, se eu estou aqui entendendo corretamente, há um vínculo
direto daquela vida específica do passado com a proéxis do momento. Resposta (WV). Mas não é só
uma vida. No caso dela ((referênca
a Selene)), é mais de uma. Pergunta. Aí é que vem a minha pergunta. Até que ponto, nesse
caso, é importante a pessoa tentar pegar o novelo e começar a puxar? Resposta (WV). A Laura
(Sánchez) já está fazendo isso, já há algum tempo. Eu só falei para a Laura
(Sánchez) uma coisa e ela está vendo a radiação disso. De vez em quando, ela
não sabe onde colocar, porque aquilo não está só numa vida. Aquela vida é
aquilo, mas ela irradiou: antes havia uma irradiação e irradiou depois, até
chegar aqui. (Tertúlia
0961; 1h:39m).
Ela ((referência
a Laura Sánchez)) está fazendo uma coisa boa porque ela está escrevendo
coisas sobre o Lastanosa, que foi o que eu (WV) pedi para ela. Se ela entrar nisso, já
ajuda o problema pessoal dela. A Selene, a mesma coisa. Ela se formou em
medicina, ela vai fazer assistência querendo ou não, no tapa. É o uma
assistência profissional, praticamente, é decreto-lei, não tem saída. E outra
coisa: Ela está fora da Bahia, está fora da África, está fora da monarquia,
está fora da Europa... O pior já passou. Se alguém começar a chorar as mágoas
aqui, a gente tem que puxar a orelha, porque isso aí, já era... já está
superado. (Tertúlia 0961;
1h:41m).
Pergunta.
Quando renasce uma consciência, filho ou filha, essa consciência
recém-chegada é ligada somente a determinada dupla ou pode renascer com
qualquer dupla? Resposta
(WV). Cada pessoa tem milhões de elementos correspondentes, amigos e
companheiros, aquilo que eu chamo de compassageiros evolutivos. São milhões.
Presta atenção nisso. Ninguém fica isolado um com o outro. Por isso, o processo
de dupla evolutiva é uma coisa também muito relativa. Numa vida você pode ter
um, noutra você pode ter outro, noutra você vai ter outro… É lógico que tem
aquelas condições que são mais atrativas, mas nem sempre se consegue tudo o que
se quer. A gente consegue aquilo que pode. (Tertúlia 0961; 1h:42m).
Pergunta.
Poderia explicar o item a "a dinamização das automanifestações
pensênicas"? Resposta
(WV). A gente dinamiza as automanifestações pensênicas através da
retiliaridade do pensamento, o modo de você pensar em linha reta, dentro de uma
isonomia da manifestações pensênica. Começa por aí. Dinamizar isso, é o
seguinte: é você ler muito, anotar bastante, participar das coisas. Aqui, a gente
recomenda muito que a pessoa participe de grupos de estudo e faça também
cursos. Primeiro, aluno; depois, professor. Isso ajuda demais a pessoa nas
dinamizações pensênicas dela. Leve do bradipsiquismo para o normopsiquismo e
chegue ao taquipsiquismo. Quanto mais rápido você conseguir pensar e expor
verbalmente, melhor vai ser para você fazer a sua redação amanhã. De modo que
esse é o caminho, não tem milagre, a pessoa tem que se esforçar, fazer muito
esforço nesse sentido. (Tertúlia
0961; 1h:43m).
Pergunta.
No verbete Evoluciólogo há
menção ao omniglotismo aberto como um dos seus atributos. O senhor poderia
entrar mais fundo nesse conceito? E qual é a relação da variação vernacular com
esse atributo consciencial mais avançado? Resposta (WV). O omniglotismo aberto abre a
pessoa para cosmoconsciência, para a pangrafia e para a cosmovisão. Eu sempre
recomendo que a pessoa estude pelo menos três idiomas. Quanto à variação
vernacular, o meu amigo deve observar que eu também coloco estrangeirismos. Nós
temos que fazer isso mais. Eu não coloco muito, eu só comecei, porque as
pessoas precisam de ter um certo poliglotismo para entender. Eu traduzo os
estrangeirismos. (Tertúlia
0961; 1h:44m).
Pergunta.
Porque é tão difícil a gente fixar algumas informações, mesmo sendo a
nosso respeito? Resposta
(WV). Quase sempre é porque a pessoa “tira o corpo fora”, porque aquilo
desagrada a ela, incomoda, às vezes é um incómodo. A pessoa guarda, pouco a
pouco, aquilo que não a incomoda, aquilo que dá alegria para ela, e isso é um
erro. A gente tem que aprender as coisas mesmo, não tendo alegria com elas.
Agora, quando a pessoa chega num nível desses, ela aprende as coisas mais
depressa e ela dinamiza o conhecimento, a cognição. Se a pessoa tem uma emoção
com aquilo que é favorável, ela retem mais – a retenção é maior, a memória
melhora. Se ela é contra, ela sepulta o assunto, ela encobre, ela faz o
acobertamento, e isso não é ideal. Pergunta. E mais cedo ou mais tarde a vida mostra que ela vai
ter que enfrentar aquilo. Resposta
(WV). Ela vai ter que enfrentar. Ela vai ficar encantoada. Quando ela
ficar encantoada, ela vai fazer alguma coisa nesse sentido. A gente tem é que
se esforçar para ser “omnívoro” – comer tudo o que aparece em matéria de
intelectualidade e não ter medo de nada, não estar só selecionando. Tem hora
que tem que selecionar, tem que escolher o melhor para não perder tempo com
coisas rebarbativas, secundárias, que não interessam, mas não ficar com medo de
nada. Ser “omnívoro”, comer o que aparecer. Pergunta. Uma outra coisa que eu também já
observei é que no começo, quando eu estava aqui no holociclo, você me falava
algumas coisas e eu não conseguia fazer a relação daquela informação como a
minha vida. Depois de algum tempo, eu consegui fazer. Mas eu fiquei pensando,
se fosse uma outra pessoa que me tivesse falado aquilo, eu não teria dado
crédito. Resposta (WV).
E você não teria anotado. Eu quase que forço vocês a registarem as coisas. Pergunta. A gente lê um
livro da consciênciologia, principalmente, e depois de vários anos, volta a ler
aquele livro e enxerga coisas que nunca tinha visto. Resposta (WV). É porque o seu dicionário
cerebral aumentou e as suas abordagens estão mais sofisticadas. Houve
acumulação de experiência pessoal, de vivência, é normal. (Tertúlia 0961; 1h:47m).
Pergunta.
Você disse que fazer assistência é importante. Qual é a diferença entre
tacon e assistência? Resposta
(WV). Tacon é a tarefa da consolação. Consolação é aquilo que uma mãe
faz para o filho, o que o padre faz quando vai dar uma bênção para a pessoa que
acabou de perder um ente querido, etc. A assistência de que nós estamos falando
aqui é mais da tarefa do esclarecimento. É explicar para o filho porque é que
ele tem que fazer as coisas, não tentar convencer, não mexer com a emoção dele,
mas informar, fazer ele pensar, raciocinar – isso é que é a tarefa do
esclarecimento. E chegar para a pessoa e dizer: -" deixa de besteira,
deixa de chorar, que ninguém morre, ele continua vivo". Esclarecer o que é
que é a dessoma e deixar o ritual de besteirada que a gente tem em matéria de
misticismo e todas essas tolices que existem por aí. Essa é a melhor coisa que
nós temos hoje. Já tenho uma porção de verbetes em que falo sobre tacon e
tares. Tares: tarefa do esclarecimento. Tacon: tarefa da consolação.
Esclarecimento é uma coisa muito mais difícil do que a consolação. A gente
sempre fez consolação, devido ao processo de maternidade, maternagem,
paternagem, etc. A maior prova de que esclarecimento é uma coisa difícil é de
que aí em São Paulo tem a Rua da Consolação e você não vê a Rua do
Esclarecimento. (Tertúlia
0961; 1h:50m).