Dessoma em chamas.
Pergunta. Qual foi a sua maior experiência
dessomática? Resposta (WV). Uma das
experiências mais bravas que eu tive foi o seguinte. Eu estava visitando um
local numa zona rural e a gente estava fazendo assistência. O processo político
da área estava muito forte. Eu entrei lá e queria começar a doar certas coisas
da terra, do jeito que o MST ((referência ao
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra brasileiro que busca
fundamentalmente a redistribuição das terras improdutivas)) está
tentando fazer. Eu estava num local que era meu. Eles prepararam um negócio
para pôr fogo naquilo tudo. Na hora em que eu saí no quintal o fogo pegou-me da
perna para trás. Eu morri queimadinho. Aquilo foi um crime. Eu saí do corpo e
na mesma hora fui participar para ajudar, no mesmo serviço que eu estava
fazendo só que agora fora do corpo. O "negócio" deu "pano para
mangas". Criou um problemão enorme. Não é nada aqui na América, não. Foi
na Europa, há muito tempo. Isso aí eu não pude esquecer pelo seguinte. Várias
vezes nesta vida eu chegava num lugar que tinha um ângulo, um ambiente que me
fazia lembrar do "negócio". Aí eu olhava para trás para ver se não
tinha fogo. Me criou uma espécie de recalque, vínculo, multisecular. Eu fiquei
em pé, no quintal, com mato, conversando com eles. Mas eles puseram aquilo de
uma tal maneira que não teve jeito. E me seguraram! Logo em seguida eu peguei
fogo, eles me soltaram e eu virei uma tocha humana. Eu lembro que o
"negócio" começou pelo calcanhar. Veio por trás. É como receber um
tiro pelas costas. A impressão que eu tive foi essa. Eu morri quase que
imediatamente. Na mesma hora estava fora do corpo. Mas foi um custo porque eu
sempre lembrava da parte em que eu estava morrendo. Para começar a lembrar,
nessa vida, nesse corpo aqui, eu tive muita experiência antes ((referência a recordações)) "só
morrendo". Por isso eu falo: primeiro vem um flash, depois vem um pequeno episódio, depois vem um episódio
inteiro, depois vem a história toda. Eu tive um monte de flashs "apenas pegando fogo" da “bunda” para cima. Eu
estava com roupa e eles jogaram coisas em cima de mim para pegar fogo e me
seguraram para eu não ser assistido. Foi uma surpresa enorme. Eu estava ali com
a melhor das boas intenções, tudo positivo, confiando naquele povo todo, mas
era gente muito primitiva. Processo de distribuição de terra não é fácil. A
terra é a base da posse, não é o dinheiro. O dinheiro é uma coisa criada pelo
homem, a terra não, ela está aí e vai continuar depois. A posse de património
não é fácil. (Tertúlia 0913; 1h:44). Pergunta. Eu
fiquei curioso com uma coisa: o senhor falou que se viu fora do corpo de
imediato. Não houve padecimento físico? Resposta
(WV). Eu acho que a morte não tem padecimento físico. A pessoa tem
porque já tem aquilo. Dor e sofrimento é antes de mais nada um processo da
cabeça da pessoa. Eu já tive um problema com dente mas estava a tomar remédio
para a hipertensão arterial. Joguei bastante energia, o dentista arrancou-me o
dente sem anestesia e eu "segurei a barra". (Tertúlia 0913; 1h:49). Pergunta. Nesta vida, quando é que o senhor
começou a ter rememorações? Resposta (WV). Eu
trabalhei muito para ter rememoração. Descobri, ainda muito pequeno, que tinha
retrocognição. Isso é um dos fenómenos mais sérios que tem na vida porque eu
posso ter isso na vigília física. Não é preciso sair do corpo para ter isso.
Com a projeção, essas coisas ampliaram. Depois eu comecei a ter outra que me
chamava muita a atenção porque era "um negócio" que ficava muito
obscuro, eu não sabia o que é que aconteceu depois. Tinha uma porção de
retrocognição mas tinha aquele período que ficava obscuro. Eu tinha receio que
aquele período fosse de alguma besteira minha que eu estava ocultando,
acobertando, sepultando. Mas não era. Com o tempo aquilo veio à tona, mas não
era. Foi um alívio. (Tertúlia
0913; 1h:51).
Primeira e segunda
dessomas. Eu (WV) tenho lembrança de
minha dessomas, na hora que eu chego e na hora que eu passo para a segunda
dessoma. Eu lembro muito porque nesses 214 anos eu estudei isso muito,
cotejando com a vida anterior. Eu fixei aquilo durante muito tempo como
consciex. Eu sei que é assim porque naquela vida, aquilo me chateou. Agora… na
outra vida que eu tive curtinha, de menino, eu recuperei muito rápido – quase
que instantâneamente eu virei adulto. Então aquilo me fez pensar (muito). Tudo
indica que isso me ajudou muito, senão eu não teria essas ideias todas aos
quinze anos e não faria aquele quadro lá na parede, com duzentos e vinte e dois
fenômenos, (a propósito do qual) o professor perguntou: - “De onde você copiou
isso?” Eu só não cuspi na cara dele porque eu respeitava o homem. Isso foi
entre os 14 e os 16 anos. Foi no período em que fechou o internato, em 47, no
meio do ano. Ele funcionou em 45 e 46. No meio do ano de 47 ele fechou e eu
continuei sozinho – 35 “caras” foram embora e eu fiquei lá. (Tertúlia 0928;
0h:31m). Pergunta (IH). Pode-se dizer que um
tempo mais prolongado na intermissão é um pré-requisito para a pessoa ter essa
maturidade? Resposta (WV). Não! Tem gente
que passa um milénio na intermissão, na baratrosfera. Pergunta
(IH). Eu digo fora (da baratrosfera). Resposta
(WV). Fora… agora tem outra pergunta. Que é que a pessoa estava fazendo?
Ela estava lúcida? E que é que ela fazia fora? È que às vezes é assediador. Por
exemplo, esses assediadores que aparecem aqui, eles não estão na baratrosfera –
eles estão querendo trazer a baratrosfera para a gente. E alguns de nós não
querem isso. Outros até deixam passar… ((risos)). Pergunta
(IH). Mas no caso de uma intermissão positiva, lúcida, dá a bagagem para
uma pessoa recuperar mais cedo? Resposta (WV). Só
tem vantagem. Se há lucidez, a pessoa está trabalhando dentro da
interassistencialidade, “fim de papo”, só traz vantagens. Se o Transmentor
propuser alguma coisa para você, aceita na hora e assina em baixo. (Tertúlia 0928; 0h:33m).
Coadjutor da dessoma
e da ressoma. Pergunta. Eu não entendi o
que o senhor falou sobre o cotejo da dessoma com a segunda dessoma. Você pode
explicar novamente? Resposta (WV). Eu quando
estava lá ((referência ao ambiente extrafísico)) tinha
que atender a muita gente que estava dessomando e muita gente que estava
ressomando. Então eu começava a ver como é que eu agia. Os amparadores me
levavam para fazer, de acordo com a minha experiência. Lembra de um caso que eu
conto das moças lá de Uberaba que me pediram para ajudar a mãe que não queria
morrer? É justamente aquilo. Isso para mim era coisa à toa. Extrafisicamente,
isso era uma das coisas que eu fazia. Então eu sou um coadjutor da dessoma e da
ressoma. Eu falava: - ”Um projetor, homem ou mulher, consciente veterano, de
alto gabarito, é um coadjutor da morte”. Aquilo dava um impacto danado. Mas
eles falavam: - “Mas também a gente é coadjutor do renascimento”. Como é que
você vai ajudar uma pessoa a renascer? Você não vai parir, não pode ser o
obstetra… Você limpa a casa da pessoa, tira os assediadores, limpa o ambiente
extrafisicamente. É isso que eu faço com o poltergeist.
Aqueles padres do exorcismo vinham atrás de mim baseado em quê? No meu processo
extrafísico. A Associação Brasileira de Parapsicologia, quando o “negócio”
piorava, eles tentavam tudo, mexiam por todo o lado e quando não conseguiam
levavam para mim. Por causa disso. Para tudo, a gente já tem um gabarito de
algum trabalho anterior. Senão, a gente não seria assim. Eu estou mostrando uma
porção de coisas que eu fiz. Eu preparei isso antes. Eu estive no movimento
espírita 28 anos e nunca precisei de um passe para ajudar nada para mim. Como é
que é isso? O Chico achava aquilo esquisitíssimo mas ele sabia da história por
causa do Emmanuel. O ideal é que “todo o mundo” caminhe para isso. Muitos de
vocês possivelmente, dependendo do resultado desta vida agora, vocês vão ter,
depois da segunda dessoma, um período intermissivo talvez mais prolongado e
lúcido. Agora… vai ter serviço que não vai ser fácil. Aqueles que vão para a
China, então, vão ficar piradíssimos, parapirados durante a intermissão, porque
vai ter muito serviço. (Tertúlia
0928; 0h:34m).
Memória quádrupla. Pergunta. O senhor mencionou a questão das
retrocognições que o senhor teve com relação às dessomas… Resposta (WV). Isso eu lembro nesta vida, de vez
em quando. O meu problema no início, ainda rapazinho, era situar direitinho
quando é que foi “aquela” projeção, até que eu estabeleci certas coordenadas.
Por exemplo, você tem uma projeção, você vê que naquela projeção você está fora
do corpo mas você tem uma retrocognição lá dentro daquela projeção. Eu chamo
isso lá no Projeciologia de “memória quádrupla”. Você tem uma projeção dentro
da outra projeção, dentro da outra projeção, dentro da outra projeção.. tudo
assim, uma dentro da outra. É a matrioska
– a boneca russa, uma dentro da outra. É a sua própria consciência, uma dentro
da outra. Isso é que dá a memória quádrupla. Memória quádrupla, só para
começar, para desencadear o assunto – ela pode se quintúpla… óctupla… Agora,
veja, eu com 14 e 15 anos, já estava preocupadíssimo com isso. E isso era
assunto meu, não tinha ninguém para dividir. Aí vinham os amparadores. Arranja
umas ideias bem avançadas que ninguém entenda que aí o amparador vem. É um
jeito de você arranjar um amparador… ((risos)). Agora… é um preço um pouco
caro, mas vale a pena. (Tertúlia
0928; 0h:37m).
Primeiras retrocognições. Pergunta. Quando você teve a retro, quando
criança, como é que você metabolizou isso? Foi tranquilo? Resposta (WV). Eu não tive
uma retro só. Eu tive uma porção. A média disso, foi muito favorável para mim.
As primeiras retrocognições que eu tive foi com respeito a minha mãe e meu pai,
a família e a casa onde eles moravam. Com o tempo eu passei a entender “todo o
mundo”. Eu entendi todos aqueles
fenômenos e aquilo não se ensinava no curso primário. Pelo contrário, a minha
professora, durante três anos, era católica e dava “santinhos” para “todo o
mundo”. Os que faziam as contas mais rápido ganhavam um “santinho”. Lá pelas
tantas, eu não podia participar porque eu ganhava tudo. Quando eu entrei na
escola eu já sabia ler e escrever e a meninada lá não era assim. (Tertúlia 0941; 1h:28m).
Encontro retrocognitor. Pergunta. É possível dar um
exemplo de elemento, fato, objeto ou coisa que serviu de agente retrocognitor
para confirmar o trabalho a ser feito nessa sua vida? Há algo preparado na sua
vida anterior que serviu de bússola ao seu desenvolvimento parapsíquico? Há
algum elemento preparado por você e com a equipex para que o grupo se
encontrasse e reconhecesse aqui nessa vida? Resposta (WV). O que tem dessas coisas “não está
no Gibi”. Uma das primeiras coisas que a gente tem nesse assunto, são os erros
da gente. Quando você vê uma pessoa, pelas primeiras reações, você vê que tem
que se dedicar muito a essa pessoa porque deve muito a ela. E uma boa parte das
pessoas não pensam assim. Isso aí, eu aprendi, com os amparadores – eles me
ensinaram isso. Pergunta. Pelas
reações da pessoa você sabe que deve muito a ela? Dá um exemplo. Resposta (WV). Você vê pelo
jeito… e você às vezes tem retrocognição. O fator desencadeante de uma
retrocognição maior que existe, é o encontro com pessoas. A primeira vez que eu
vi o Pietro Ubaldi, eu tive um monte de coisas ((referência a retrocognições)) da Itália. Não
era bem diretamente com ele mas aquilo que ele representava, a psicosfera dele,
a energosfera que ele trazia. Por exemplo, quando eu levei o Chico Xavier a
Lurdes, para ver a gruta dos milagres, eu cheguei lá e comecei a ver uma porção
de coisas “antes daquilo” na área toda. Uma outra coisa: quando eu cheguei em
Verona, que apareceu lá a Veronesa e “mostrou o negócio”, eu vi “a coisa toda
do jeito que era”. Aí, eu (quis ver) as coisas mais antigas, para ver como é
que funcionava. E lá tem o Castelvecchio, o castelo mais antigo. Eu pude ver,
sozinho, eu passei 10 dias sozinho lá, para ver. Eu olhava para o povo e (via
que ali devia haver) gente daquela época, em vários lugares. (Tertúlia 0954; 1h:38m).
Cinema
e retrocognição. Aos 10 anos eu fui falar com o Zé Vitoriano porque eu
queria trabalhar no cinema, só para ter contacto com o cinema. (...). Na
ocasião, deram uma máquina de projetar que já estava obsoleta, a um dos meus
primos. E deram também um pedaço de filme de Tarzan, mas era uma parte do filme que não podia aparecer no Brasil – na
hora que ele pulava para pegar o cipó para se jogar, apareciam “os documentos”
dele em baixo ((risos)). Isso é um filme muito antigo, feito nos Estados
Unidos. Nós montávamos o cinema e cobrávamos. Como a meninada não tinha
dinheiro, tinha que pagar em palito de fósforo. Iam meninos e meninas (e
mandavam parar a fita para verem “os documentos” do homem). Isso em Monte
Carmelo, na década de 30 para 40, um pouco depois da época do cinema mudo. Eu
fui trabalhar no cinema e acabei sendo gerente, depois de 10 meses – eu tinha
10 anos. Eu fui gerente lá do cinema aos 10 anos de idade. Eu comecei
entregando os programas do dia na cidade, ao povo que ia mais (ao cinema). Fui caixa e depois eu subi para o andar
superior, para ser enrolador de fita. Não podia ficar olhando para o carvão
porque não era bom para a vista ((referência à queima de carvão, fonte de
luminosidade das lanternas dos projetores)). De vez em quando queimava e ficava
queimado na tela. Trabalhei lá dez meses e depois deixei porque o homem
dessomou. Cabiam mais de 300 espectadores no cinema, era bem arranjadinho,
tinha uma tela enorme que descia (antes da sessão de cinema), com propaganda
das lojas da cidade, tudo desenhado à
mão. Eram três sessões, que a gente projetava: primeiro as notícias do dia,
numa espécie de documentário; depois uma comédia, quase sempre dos Três
Patetas, pequenininha; e depois o filme. À terça-feira tinha a sessão das
moças, mais barata. Enchia de mulher. No domingo de manhã tinha matinê,
baratinho, para a meninada – filmes do Walt Disney, etc. Tinha dia específico
para o seriado. Quase sempre eram só dois episódios. Os seriados de quinze
episódios eram um problema – demoravam, todo o mundo brigava e havia apostas
para o que ia acontecer. E tinha uns seriados terríveis. Tinha um seriado que
era A Cidade Infernal em que havia um
aparelho que colocavam em cima dos jovens pigmeus na África e eles cresciam e se
transformavam em gigantes. (...). Eu me interessava (por cinema) devido ao
processo mnemônico de retrocognição. (Tertúlia 0960; 1h:05m). Eu (WV) cheguei a fazer um filme, uma curta
que foi um sucesso, colorido, sobre quadrinhos no Brasil, do cineasta Renato
França e com a maior parte da fotografia de Pedro de Moraes, um dos maiores
fotógrafos do Brasil, filho do Vinicius de Moraes. Nós trabalhamos alguns meses
com eles, lá no Rio, na rua Visconde de Pirajá, para fazer o filme. Filmaram
toda essa gibiteca básica que nós temos aí e depois mandaram para o exterior.
Esse filme passou no Brasil como complemento, como curta, como noticiário. O
meu interesse básico (no cinema) sempre foi o processo mnemônico, devido à
retrocognição. É muito bom quando você começa a ter certeza do que você lembra –
isso não tem preço. Isso é uma coisa impressionante. E é muito engraçado,
também, ver o seu desconfiômetro – o que é que você desconfiava que era, que
você pensou antes de ocorrer e quase sempre você acerta – e era mais ou menos
aquilo que você sentia dentro de você. Mas para isso, você tem que ter muito
equilíbrio de dedução, não pode ter paixão nisso. Você tem que olhar você de fora, ser um
espectador externo que está olhando você – isso é que é o interessante. Pergunta. E a questão dos
10 eventos para uma certeza? Resposta
(WV). É a melhor coisa que tem: é a minha fórmula. Pergunta. Isso independe do
nível de lucidez e clareza que você teve em determinada situação. Resposta (WV). Sim, é o
jeito. (Tertúlia 0960; 1h:12m).