Transcrição de conversas proferidas ou validadas por Waldo Vieira em tertúlias gravadas em vídeo. Projeto particular de teletertuliana portuguesa, não vinculado a Instituição Conscienciocêntrica.

Waldo Vieira: Maxidissidência

 

Características sociológicas do movimento espírita. Muita gente fala que eu (WV) tenho ranço de espiritismo. Eu quero mostrar que o meu ranço do espiritismo é de pesquisa e racionalidade. Aqui ((referência à Taxologia do verbete Antagonismo Pesquisa / Leitura)) tem 13 características sociológicas do movimento espírita, que eu vou ler agora para mostrar que o meu ranço não é tão rançoso assim. «01. Espiritismo como religião: sem pesquisas racionais, científicas, abertas. 02. Federações do tipo vaticano: decretos de fundamentalismos dogmáticos e condenações das autopesquisas. 03. Leitura dirigida dos adeptos: publicações e leituras censuradas pelas Federações». Os espíritas são das pessoas religiosas do Brasil que mais lêem mas só dentro daquele processo da leitura dirigida ((observação intercalada na leitura do verbete)). «04. Manutenção dos leitores e leitoras de cabresto: dentro de raias rotuladas, apriorísticas. 05. Assistencialismo da tarefa da consolação (tacon): sem a tarefa do esclarecimento (tares) universalista.» Muito mais difícil, até antipática e exige muito mais esforço ((observação intercalada na leitura do verbete)). «06. Apologia dos patrulheiros ideológicos: kardecistas, cristãos fanáticos renascidos sem maior autodiscernimento evolutivo. 07. Exaltação sectária do cristianismo: ao modo de mera seita cristã, logicamente facciosa. 08. Assentamento no pentateuco kardecista: manutenção de adorações infantis e livros sagrados» - são, 5 livros básicos de Allan Kardec ((observação intercalada na leitura do verbete)) - «irretocáveis para sempre, da chamada Teologia Espírita. 09. Defesa ilógica do roustainguismo: dogma irracional da principal Federação há mais de século. 10. Exclusão do debate e da refutação: condenados como tabus intelectuais. 11. Doutrina engessada para sempre: sem laboratórios nem pesquisas teáticas, universalistas. 12. Ausência completa do princípio da descrença: predeterminação de verdades absolutas, estagnadas. 13. Continuidade dos fascínios de grupos medievalescos: ideias feitas, doutrinismos e inculcações». (Tertúlia 0823; 0h:23m).

Maxidissidente. (Dito na tertúlia 912, em 18.07.2008) Eu deixei tudo e virei maxidissidente do espiritismo com 34 anos. Eu estou com 76. Faz 42 anos que eu deixei o movimento espírita. Deixei porquê? Eu tentei tudo para ver se faziam tenepes, a tares e a invex. Não consegui nada. Eu fazia pesquisa. Eu queria fazer uma exposição permanente que é mais ou menos o que nós estamos fazendo aqui no holociclo e na holoteca quando eles viram aquilo, começaram a me podar. A sabotar o meu trabalho. Aí eu deixei tudo. (Tertúlia 0912; 1h:14m). Tudo isso que eu faço hoje na Conscienciologia eu internamente, privativamente, na minha vida íntima, eu já fazia. E dava uma banana para tudo. Tentava expor aquilo mas não tinha jeito. Falava com os espíritos comunicantes, para comunicar e falar, dar mensagem sobre aquilo e eles falavam: -"não adianta que eles não vão publicar e vai criar problema para você". (Tertúlia 0912; 1h:15m).

Esclarecimento sobre o Espiritismo e sobre Chico Xavier. Eu (WV) não sujo o prato que eu comi, mas eu falo de tudo o que eu acho que é errado porque eu quero praticar a tarefa do esclarecimento – foi por isso que eu deixei o movimento espírita. Eu digo para vocês que me perguntaram – são várias pessoas – que Chico Xavier é um completista. Só o que tem é que ele é completista da tacon, está repetindo coisas do passado. Eu trabalhei com ele dez anos para manter o nicho da santidade que ele já tinha começado. O espiritismo, como é uma seita cristã, eles precisavam de santo. O Chico Xavier foi o primeiro santo. Ele é superior até ao Bezerra de Menezes. O Chico se dedicou àquilo que ele pôde. Agora… que ele era uma personalidade, como medium, ainda um pouco psicopático, “todo o mundo” que viveu com ele sabe disso, até os meus parentes viam isso. Ele foi a “Joana, a Louca”, ele sabia disso. A “Joana, a Louca” usava uns “negócios” que faziam mutilação. O Chico Xavier não gostava de ter em casa (lâmina), navalha nem faca que cortasse demais. O “negócio” era tão sério que ele, sempre fazendo o papel de simples, de pobre, de “entregue às baratas” – a imagem de santidade dele – a vida toda ele teve barbeiro para fazer a barba dele, porque ele evitava fazer a barba – “limpar o rosto”, (como) ele falava – porque tinha que usar (um instrumento) cortante. Então, lá em Uberaba, tinha um barbeiro amigo da gente que ia lá sempre fazer a barba dele. Eu estou expondo a coisa como é. É muito bom eu expor porque nós não podemos estar exaltando uma personalidade sem ver também os trafares dela. Isso não é correto, dentro do processo do esclarecimento, está errado. Eu quero dizer para vocês que nós nunca desprezamos as coisas do Chico nem do espiritismo, nem dos livros. Eu vivo dando os livros espíritas até hoje. Por sinal, nós estamos estudando aqui (dito em 08.09.2008) o livro “Voltei” do Irmão Jacob (pseudônimo de) Frederico Figner, que o Chico recebeu. (Quanto a) livro meu psicografado, nós temos aqui um curso que vai ser dado sobre “Cristo Espera por Ti”. Fato é fato. (Tertúlia 0952; 0h:04m). A Conscienciologia não é filha e nem deriva de espiritismo, não! Nós somos muito mais derivados da metapsíquica e da parapsicologia. Eu (WV) tenho muito mais conotações com o Edgard Armond, que até hoje ainda não foi aceite pela Federação Espírita do Estado de S. Paulo, do que com o espiritismo propriamente dito. Allan Kardec está cheio de coisa ultrapassada, obsoleta e superada, a verdade é essa. O Edgard Armond estudava uma porção de coisas do ponto de vista do orientalismo. Por exemplo, nós hoje aqui estudamos os chacras: que é que adiantou a gente (no espiritismo) ter recebido os livros “Evolução em Dois Mundos” e “Mecanismos da Mediunidade” onde se (abordam os chacras), se até hoje o espiritismo não admite nada disso? Eles falaram que estão estudando. Estudando o quê? Ficam só na questão de perispírito. Eu não quis ficar lá porque eles não fazem nenhuma questão de fazer pesquisa. É a tacon. Agora… o que é que é ruim na tacon? É a repetição, a automenese. É lógico que é muito melhor que uma pessoa seja espírita do que narcotraficante. É muito melhor ser espírita do que católico. Pelo menos já mostrou alguma novidade, já não está com o direito canônico e aquela coisa toda. Agora veja: aqui, nós temos muita coisa da Teosofia, mas eu também sou obrigado a esclarecer que a Blavatsky, tirou todo o processo da prática da parapercepção, da paraperceptibilidade, da sensibilidade da Teosofia (porque não incluía o povo). Ela conhecia isso tudo ((referência ao espiritismo)), porque ela teve seções, inclusive em Paris na época do Allan Kardec. E depois que o Allan Kardec morreu é que ela começou com a Teosofia dela. O Allan Kardec desencarnou – como eles falam – em 1869; ela começou com a Teosofia em 1875. Eu estou baseado em fatos. Eu sempre procurei uma lisura naquilo que eu fiz. Tanto que os espíritas falaram que eu era assediado, mas ninguém nunca levantou um dedo para falar qualquer coisa sobre a minha honestidade. Eu estou falando agora francamente para vocês. Nunca precisei de falar isso. Na Carta Aberta aos Espíritas eu não falei sobre a minha honestidade. Não teve ninguém que viesse a sacar qualquer coisa contra mim nos 28 anos que eu trabalhei no espiritismo. (...). Enquanto você está “dando a teta” para o processo, “todo o mundo” é a seu favor. Na hora que eu deixei (o espiritismo), eu era o anti-Cristo, estava obsedado, obsediado e outras coisas mais (segundo) essa geração que estava com cotoveloma, que estava com uma mágoa danada. Eles achavam que a pessoa que chegou ao espiritismo não podia ir embora – é como perder o soldado. É uma loucura, isso tudo, está tudo errado. (Tertúlia 0952; 0h:08m). O Chico Xavier está “numa boa” hoje. A gente pode falar essas coisas porque ajuda até a imagem dele. (...). O Chico falava para “todo o mundo” quem era ((referência a ter sido numa retrovida Joana a louca)). Nós tivemos uma vida em que o Chico foi minha mãe, eu já expliquei isso aqui. Por esse motivo eu o estava ajudando até antes de eu renascer. Ele sabia disso tudo (bem como) o Emmanuel que depois (ficou com ele no meu lugar). Ele esteve perturbado durante uma boa temporada nos anos 20, a situação era precária, a gente “segurou essa barra” do lado de lá ((referência ao extrafísico)) e depois eu vim segurar aqui ((referência ao intrafísico)). Quando ele teve um escândalo, principalmente devido ao sobrinho dele, foi aí que eu entrei no movimento espírita, do lado dele, para ajudá-lo. A intenção foi essa. Eu não obtive vantagem nessa história, pelo contrário, perdi um monte de amigos quando o levei para Uberaba porque os espíritas estavam todos com “cotoveloma” uns com os outros. Eu deixei uma porção das obras que eu atendia em Uberaba para fazer a Comunhão Espírita Cristã e começar a trabalhar com 20 departamentos lá dentro. Valeu a pena. Cinquenta anos depois, está lá a Comunhão Espírita Cristã que tem desobsessão duas vezes por semana, tem um monte de departamentos funcionando… eles estão fazendo a tacon deles. Agora fala aí alguma coisa, Laura (Sánchez), você que já estudou muito a Joana a Louca. Resposta (LS). Joana a Louca era filha dos reis católicos Isabel a Católica e Fernando o Católico, que colocaram o catolicismo na Espanha e mandaram matar todos os judeus e todos os árabes em toda a Espanha. Joana a Louca não era para ser uma grande personalidade porque era a (terceira) filha e era mulher. Aconteceu que os irmãos foram todos morrendo e ela, muito nova, foi enviada (para a Flandres) para casar com Filipe o Belo ((referência a Filipe de Áustria ou Filipe de Hasburgo)) com treze ou catorze anos e (simultaneamente) ficou doente. Ela apaixonou-se na hora, eles casaram na hora que se conheceram, não esperaram a boda, para poderem ir para a cama rapidamente. Isso é história: está no filme, está na biografia dela e era inusual na realeza. (...). Então ela apaixonou-se, dedicou-se totalmente a ele e ele começou a ser infiel com as cortesãs. Aí, ela começou a agredir as amantes do rei com tesouras. Daí vem a fobia que ele ((referência a Chico Xavier)) tinha a coisas cortantes. Ela pegava a tesoura e rasgava o rosto da menina e cortava-lhe o cabelo. Fazia os maiores estragos, sempre num estado de histeria, fora do controlo dela.  De uma hora para a outra morreu a mãe, Isabel a Católica, e ela teve que voltar a Espanha junto com Filipe o Belo para assumir o reinado da Espanha. Então, por um lado ela estava doente e por outro lado tinha grande responsabilidade de reinar. A Espanha, na época, era o país mais poderoso da Europa. (...). Ela era muito amada pelo povo espanhol, mas o povo espanhol não gostava de Filipe o Belo, porque sabia tudo o que acontecia. Por outra parte, o pai de Joana a Louca, que ainda era vivo, queria tirar a sua filha do poder para ele reinar. Então ela tinha contra: o marido que fazia “a maior besteirada do mundo” com ela e o pai que queria controlá-la. Sozinha e sem mãe, ela começou a entrar em depressões e negava-se a comer. O pai acabou fechando-a num castelo para poder assumir o poder. (Tertúlia 0952; 0h:11m). Resposta (WV). Fala sobre o cadáver de Filipe o Belo. Resposta (LS). Filipe o Belo morreu com 28 anos de uma doença da época e ela não queria enterrar o corpo dele. Grávida da sua última filha, Catarina de Aragão, ela viajava por Granada, no inverno, em condições terríveis de neve e frio e levava o povo dela e o cadáver junto e não dormia de noite para guardar o cadáver. Ela não deixava que nenhuma mulher ficasse perto do cadáver do Filipe o Belo. Daí que ela ficou conhecida como Joana a Louca. Ainda hoje a Espanha toda coloca a imagem dela como uma coisa diferente, mas o povo gosta da história de Joana a Louca porque a Espanha gosta de paixão e de emoção. Resposta (WV). E também da monarquia. Resposta (LS). Também. Mas realmente, falando claro, ela foi uma pessoa super doente, totalmente fora da realidade, muito carente e, estudando Joana a Louca, se o próprio Chico Xavier admitiu que ele era essa personalidade, realmente ele (não podia) de uma vida para a outra mudar tudo. Resposta (WV). Não foi tanto tempo assim… e, você sabe, o temperamento custa a mudar. Ele sabia disso. Mas ele teve uma vida positiva – muito positiva. Resposta (LS). Joana a Louca nasceu em 1479 e morreu em 1555. (...). Ela durou muito tempo, porque uma mulher chegar na idade dela, na época, era praticamente impossível. Nos últimos anos, em que ela ficou fechada no castelo, que foram mais de trinta anos, há novas descobertas sobre a biografia dela que falam que ela era torturada porque Fernando o Católico colocou um homem para cuidar dela e o homem torturava-a. Resposta (WV). O Chico Xavier foi também torturado na infância dele por uma parenta. Todo o mundo sabe disso, está na biografia dele. Eu sei dessa história toda. Enfiava até garfo na barriga dele. Tudo gente do passado lá na Espanha. (...). No fundo, a vida do Chico Xavier foi uma redenção para ele. Isso ajudou muito, ele agora tem outro nível. Mas ele não conseguiu “segurar a barra” da questão do corpo dele: ele tinha tendência de homosexualidade que ele não segurava, ele era pícnico, retaco, macroesplâncnico e suprarenalico – era um macrossoma, por isso ele viveu tanto tempo. Ele não sabia disso quando eu encontrei com ele em 1955.  Em 1956 eu falei para ele o que é que se passava. Esse macrossoma é que sustentou as alterações dele, porque ele sofreu muito naquele corpo dele. Quando eu encontrei com ele, ele tinha que pingar alguma coisa no olho (para que a doença do olho que ele já tinha perdido não passasse para o olho que ainda via). Ele superou isso tudo. E ele queixava-se de um tipo de angina suave, praticamente a vida inteira. Ele tinha um problema, tanto que a gente evitava fazer muita coisa que desse muita alteração emocional nele, fosse pró ou fosse contra – tanto as negativas quanto as positivas. Demais, não era bem para ele. Eu, na condição de médico, eu mesmo pedi a uns médicos nossos amigos, inclusive o médico que estava cuidando dele lá formou-se comigo na faculdade. Então, isso tudo aconteceu. Nós estamos falando aqui abertamente: o lado que está certo e o lado que está errado. A tarefa do esclarecimento é isso. (Tertúlia 0952; 0h:16m).

Falar de ideias para carolas. Pergunta. Há quase quinze anos atrás você estava dando uma palestra no centro espírita de Curitiba e eu fiquei muito zangado com você. Falei que você estava cuspindo no prato que tinha comido. E foi justamente essas ideias novas que me ajudaram muito. Tem algumas dicas de como falar de ideais sem chamar para nós os assediadores dos carolas, como eu era? Resposta (WV). Esse processo da pessoa que é totalmente fanática por ideias, a melhor coisa que faz é abençoá-la. É chamá-la para jantar e dar muita sobremesa para ela, se ela puder comer. É fazer alguma coisa nesse sentido, porque ela tem que mudar e não adianta a gente querer convencer. Vocês já viram esses caras que vendem bíblia na praça pública? Alguém aí já perdeu tempo em querer mudar a ideia desse povo? Eles são todos bitolados, esqueça, não perca tempo com essas pessoas. É o meu caso. Vocês já pensaram, se eu tivesse desistido nessa ocasião, há quinze anos? (...). André Luiz falou (nos chacras) em Mecanismos da Mediunidade e principalmente em Evolução em Dois Mundos. Quem é que já estudou esses livros depois disso? Ninguém. Eles só falam que os livros são muito bons mas ninguém estudou nada. (...). Eu fui a uma fazenda com os espíritas para mostrar como é que agia com as energias: a energia da grama, a energia do rio, a energia da água parada, a energia da árvore… fui mostrando. Tinha mais de duzentas pessoas comigo. Eu passei o dia inteiro, praticamente, numa fazenda. Não adiantou nada. (...). Os espíritas de Portalegre foram ao Rio para eu dar uma entrevista para eles. Eu dei a entrevista uma manhã inteira (sobre reencarnação). Gravaram tudo e filmaram tudo. À hora em que eles estavam saindo, eu virei-me para a minha mulher e falei assim:-”Eles não vão publicar nada do que eu falei.” Vocês viram  a publicação? E não falaram nada! O fanatismo é um “negócio” terrível. Religião é o pior tipo de fanatismo que tem. É pior do que o fanatismo do materialista da ciência convencional. (Tertúlia 0958; 1h:42m).

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