Responsabilidade por
dependentes. Pergunta. Tenho 22 anos, fui casado por 3 anos e desse
casamento tenho 2 filhos. Minha ex-esposa pediu a separação. Ela, como a grande
maioria da minha família, é evangélica. Um dos motivos da separação: diferenças
ideológicas. Hoje, estou namorando outra pessoa, uma garota também evangélica
mas minha ex-esposa está pedindo a reconciliação. Até que ponto tenho
responsabilidade sobre esse casamento com dependentes, sabendo que nele e no
meu grupo familiar, a minha independência intelectual e liberdade pessoa é
afetada? Seria conveniente uma reconciliação visando auxílio mas que custaria a
minha liberdade pessoal, ou afastamento visando a autonomia? Resposta (WV). Você
arranjou 2 filhos e separou com 22 anos. Isso é um “caso de polícia”. Se você
voltar é uma coisa boa para essas crianças. A (sua) responsabilidade é enorme.
Que é que você está esperando (para ir) cuidar dessas crianças? Você não as pôs
no mundo? Você é responsável. Eu, quando criei o meu filho, fiz um trato com a
minha mulher:-”Ele nunca vai ter babá nem creche”. Não teve. Eu acho que a
responsabilidade de criar os outros é um “negócio” seríssimo. A gente não pode
brincar com isso, não. Até (o filho) chegar lá pelos 20 ou 21 anos, a pessoa
tem que estar vigilante, atenta, alerta, “de olho” como o plantador de arroz –
o arroz cresce com o olho do dono. Se com o arroz é assim, como é com a pessoa?
Meu amigo, pensa duas vezes. Vivam os evangélicos! Ela é mãe evangélica, vai
levar “a coisa” a sério. Seria muito pior se tivesse tóxico… e você sabe o que
é que é isso… eu te conheço. (Tertúlia 0931; 0h:21m).
Conceito homeostático
da autonomologia. Pergunta. Qual seria um conceito homeostático da
autonomologia? Resposta (WV). É por exemplo você usar o seu dinheiro, os
seus bens, o seu património, para ajudar os outros. Isso é positivo. Você não
precisava de se sacrificar e você faz um auto sacrifício. Você não precisava de
ser abnegado e no entanto você mostra abnegação. (Tertúlia 0931; 0h:39m).
Inseparabilidade
grupocármica. Pergunta. Eu queria entender a inseparabilidade grupocármica
dentro do processo da interdependência. Resposta (WV). A inseparabilidade funciona quando a pessoa
está devendo, por causa do processo da interdependência. Na verdade, ela
funciona em tudo mas, quando as pessoas começam a viver a convivialidade, o
gregarismo, a sociabilidade, essas coisas não precisam de ser lembradas. A
inseparabilidade fica séria quando há uma ruptura – transmigraciologia. A
inseparabilidade recebe aí uma cirurgia violenta. Se uma consciência vai lá
para outro planeta, quando é que você vai ver essa consciência de novo? Agora…
se ela foi separada é porque ela é um tomate podre no meio dos outros... vai
apodrecer tudo. Então ela é separada porque chegou a um ponto que não tem
jeito. É uma singularidade patológica, uma excepção totalmente nociva. Eu acho
que só vão para outro planeta aqueles casos renitentes, recalcitrantes,
difíceis, obstinados, pedrais – pedra pura, granito na cabeça. (Tertúlia 0931; 0h:41m).
Autonomia ofiexista.
«Autonomia ofiexista: a culminação das tarefas do tenepessista» (Vieira,
verbete Autonomia). À hora em que
você se vê com lucidez para ajudar os outros mostra que, temporariamente, você
é uma consciex. Pensa, o que é que isso pode criar para você. A gente não pode
usar isso mal. Como é que é usar mal? É usar bem – se você começar a usar isso
bem para você, você está usando mal. Por exemplo, eu (WV) não posso ficar
numa condição dessas e dali, da ofiex, ir visitar o Interlúdio, ver os meus
amigos e fazer a actualização das parafofocas. Eu não faço isso – (eu posso) mas
eu não faço. Isso é autonomia. É a educação infalável, indizível. Não é preciso
falar, a pessoa já é educada, naturalmente. (Tertúlia 0931; 0h:43m).
Autonomia do
teleguiado. Pergunta. Professor Waldo, eu queria entender melhor como
funciona a autonomia da conscin desperta, do teleguiado e da semiconsciex em
relação ao fluxo do cosmos, à condição de ser minipeça do maximecanismo. Resposta (WV). Cada
um, com o tempo, vai aprender a medir os próprios passos. A diferença é só
essa. Quanto mais evolui, mais vai saber medir. Um tenepessista puro já mediu
alguma coisa, já sabe se conter, tem educação para ver os limites, a fronteira
que ele não deve passar – a raia, o ponto a que vai o cordão do sapato dele. O
desperto já vê isso com mais significação e a semiconsciex muito mais. O
teleguiado já domina o processo como um profissional porque ele já tem o
processo da minipeça totalmente assimilado – a assimilação da ideia e a
assimilação da vivência. Entendeu isso? Assimilação da ideia: teoria.
Assimilação da vivência: experiência, prática. Eu acho que do epicon lúcido até
chegar lá ao teleguiado, quem domina profissionalmente o processo é só o teleguiado.
Ele já recebeu a condição de maturidade da função, do desempenho. Por isso eu
chamo “teleguiado autocrítico”. Ele tem mais autocrítica do que a gente.
Conclusão: toda a nossa autocrítica ainda é muito pobre. (Tertúlia 0931; 0h:47m).
Autonomia realista.
Pergunta. Waldo, eu queria que você comentasse a autonomia
realista baseada na seguinte situação. A gente nota que às vezes a pessoa vem
se desenvolvendo muito bem e de repente tem um acidente parapsíquico, dá uma
parada, tem que pensar porque não pode dar um passo à frente – igual àquela
brincadeira de criança: - mamãe, posso ir? Dá um passo e vê se nada caiu, se as
coisas estão no lugar. Qual é a qualidade ou a característica da consciência
que permite fazer uma prospectiva e não ser imprudente? Resposta (WV). É
a hora em que ela começa a ficar desassediada. Toda a pessoa que fica na
dúvida, no impasse, que hesita, é porque tem assédio. Pergunta. E quando
tem o acidente parapsíquico? Resposta (WV). Ela não se preparou bem. Ela passou o carro
na frente em alguma coisa. Às vezes, a pessoa ficou muito entusiasmada, antes
da hora. Pergunta. Qual é o traço que faz com que a pessoa seja
prudente e ao mesmo tempo não fique no limite da covardia? Resposta (WV). A
pessoa tem que incrementar o recolhimento íntimo para aumentar a reflexão. Não
tem outra saída. A pessoa tem que pensar mais, refletir, para dar mais valor. Às
vezes ela começa a ver as nuances que
ela esqueceu. Dentro da linha de pensamento evolutivo dela ficaram alguns
buracos que ela tem que preencher com reflexão e ela tem o valor agregado de
uma assistência mais específica para o assunto. O valor agregado mais sério de
um tenepessista é a mudança de amparador. Pergunta. Qual é que
seria então a postura mais realista para conservar essa autonomia, não ficar
naquele limite da covardia e não ser imprudente? Resposta (WV). Quando
acontece um caso desses, em que a pessoa já tem uma certa noção, eu falo para
acabar com a cronologia, a cronémica. Isso significa ele não pensar mais em
prazo, pensar que tem a eternidade pela frente. Ele tem que ir devagar e
sempre, sem erro. É seríssimo, isso aí. Isso é um problema de nós todos aqui
ainda. Você está mexendo no vespeiro. A ansiedade é demais ainda, no nosso
povo. Sabe qual é a causa, a culpa maior da ansiedade? É o curso intermissivo.
Á hora em que a pessoa tem aquela visão maior da coisas e ela tem que culimar
aquele desiderato, aquela meta… a pessoa está habituada a arranjar tudo a tempo
e a horas e vai ver que não é assim, é paulativamente. Pergunta. Eu tenho
visto essa relação com o tempo e achei que era exagero da minha parte... Resposta (WV).
… tem de esquecer a cronémica. É aquele “negócio” do tempo e hora do chefe: -“É
até ao dia 27!” Isso é que dá ansiosismo, enfarte do miocárdio e uma porção de
coisas. É a vida humana regulada pelo cronômetro. Isso é bom em certas coisas
mas num percentual pequeno. (...) A pessoa tem que esquecer o tempo e (deve)
lembrar que ela tem muita coisa pela frente e que isso é apenas um primeiro
passo de uma longa caminhada. Talvez essa seja a melhor solução para você
indicar num caso desses. (Tertúlia
0931; 0h:51m).
Fascínio de grupo.
Pergunta. Gostaria que falasse sobre as interrelações do
fascínio de grupo, interprisão, autonomia e lucidez. Resposta (WV). O
fascínio de grupo geralmente existe na base da lavagem cerebral. A lavagem
cerebral tem que ser diagnosticada e vista pela vítima e isso só ocorre em
última instância. Antes disso, muito acidente, muita bobagem ocorre. A pessoa
tem que ter um “desconfiômetro”. (...) Você já pertenceu a algum fã clube? Você
por acaso é hooligan / torcedora
fanática de futebol? Você torce fanaticamente na olimpíada? Com todo esse
processo de fanatismo, você acha que não precisa de um “se mancol”? Quase
sempre a interprisão ocorre se a pessoa é fã de um belicista. (...) Luta é
belicismo. A autonomia conquista-se através da sua introspecção, recolhimento
íntimo, reflexão ponderada, com todos os figurantes, o elenco daquele contexto.
A a pessoa liberta-se daquela condição. A lucidez ocorre só depois disso. É a
vontade da pessoa que tem que levar, pela intenção, a essa lucidez. (Tertúlia 0931; 0h:59m). Pergunta. Um
concurso público é uma luta? Resposta (WV). Isso é um processo da concorrência em matéria
da habilidade. No processo de desempenho, a coisa é diferente porque aí, vai
trabalhar em favor de muita gente. Uma pessoa que vai entrar num concurso
público vai fazer assistência para a população. Em tese, não é isso? Se ela não
faz, o problema é dela, mas ela está entrando lá para isso. O servidor público
está lá para servir a população. Isso não tem meio-termo. Lógica é lógica. Não
é bem uma luta. (Tertúlia
0931; 1h:05m).
Autonomia
compartilhada da conscin interassistencial interdimensional. Pergunta. O
senhor pode aprofundar o conceito de “autonomia compartilhada da conscin
interassistencial interdimensional”? Resposta (WV). Existe o livro Quem Cuida do Cuidador. Eu estou dando a síntese. O cuidador não
pode ser esquecido. (Tertúlia
0931; 1h:10m).
Neossinapses sadias.
Pergunta. Eu queria entender a relação entre autonomia e as
neossinapses sadias. Resposta (WV). Quando você tem neosinapses, sinapeses novas,
tem recuperação de cons magnos da sua vida. Se você começar a ter mais
autonomia sem incorrer no crime de invadir os direitos das outras pessoas,
inevitavelmente você vai recuperar cons magos – uma coisa puxa a outra. (Tertúlia 0931; 1h:45m).
Autonomia primária e
avançada. «Exemplologia: autonomia primária = a condição fechada no próprio
egocentrismo; autonomia avançada = a condição aberta ao universalismo
interassistencial» (Vieira, verbete Autonomia).
A autonomia primária é a condição fechada no próprio egocentrismo – a pessoa é
autônoma mas está fechada em si mesma, não abre mão de nada, não beneficia os
outros, não faz assistência. A autonomia avançada é uma condição aberta ao
universalismo interassistêncial – a pessoa já é universalista, já não é
sectária, não é facciosa, não é fundamentalista, não é “papo-amarelo”, é
interassistencial, é universalista. Esse é o caminho da mini-peça. (Tertúlia 0931; 1h:47m).