Escândalo da revista O Cruzeiro. Avisaram-me para viajar
e levar o Chico porque ia ter uma tempestade publicitária em cima da gente.
Eles precisavam vender a revista, sendo que eu não tinha culpa de nada daquilo.
Na hora que ele falou, eu vi na frente o que ia acontecer e disse: - “Não vai ficar
pedra sobre pedra em cima do que vocês estão fazendo; temporariamente a revista
vai vender “demais”, depois vai cair e todos vão brigar uns com os outros. Não
vai ficar nada”. Eles combateram o Chico e eu. Durante 4 meses sairam 4 milhões
e quinhentos mil exemplares de 14 edições, falando até um certo ponto da gente.
Nós não falamos nada, nem o Chico nem eu. A intenção não era provar que havia
materialização, o problema nosso era fazer uma experiência para ver o que é que
acontece, testar médiuns, esse é que era o problema. Mas ninguém quiz entender
isso. Eles ((referência à revista O Cruzeiro)) mandaram
6 repórteres. Eu ainda pedi que arranjassem infravermelhos (para filmar a
experiência) que nós queremos saber tudo. A experiência foi feita no meu
escritório, com ar condicionado importado porque não havia no Brasil na altura,
em 1964, para melhorar o ambiente. Durante os 4 meses seguintes eles venderam
revista “demais”, depois, “tudo cresceu igual a rabo de égua: para baixo”. Dois
anos depois, eles ainda tentaram colocar umas mensagens do Chico para ver se
melhorava a imagem. Piorou tudo. O repórter que telefonou para dar a notícia
era amigo do Chico mas disse: eu não mando, eles resolveram porque estão
precisando vender a revista. Eu fiz a experiência porque o Chico pediu. Ele
tinha esse repórter amigo, confiou. Eu estava pouco ligando, mesmo que chamasse
a atenção, eu queria era fazer a pesquisa. E ajudou o movimento espírita.
Chamou a atenção para tudo. Até para o exterior. È tanto que depois disso nós fomos
para o exterior. Eu fui com o Chico, levei-o, para os Estados Unidos e para a
Europa, tudo em seguida. Mas foi um escândalo. De caras, a gente foi para uma
fazenda no sul de Goiares e passamos lá muitos dias recebendo mensagem e
trabalhando lá quietinhos. Depois disso a gente procurou se esconder. Um dia nos
descobriram em Angra dos Reis. Um monte de gente escrevendo pró e contra e
a gente caladinho. O Chico dizia: - “Não seria o caso de você falar na sua
larividência?” Eu disse: - “Não, que se eu falar eles vão dizer que fui eu que
fiz isso” ((referência à posterior ruína da revista)). Todos os acionários lá
brigaram. Um dia telefonaram-me da sede principal de O Cruzeiro e o amparador disse: - “É o epílogo”. A pessoa
ofereceu-me umas revistas antigas, O Guri,
porque sabiam que eu as colecionava e estavam fechando. Nós temos aqui toda a
coleção completa por causa disso. Eu cheguei lá na sede de O Cruzeiro e estavam uns camiões levando o resto que havia. Tudo
tinha acabado como eu tinha visto. Aí eu entendi “é o epílogo”. (Tertúlia 0903; 1h:44m).