Personalidade
passional. Pergunta. O Rousseau ((referência a Jean-Jacques Rousseau
[1712-1778])) era muito passional. Resposta (WV). “Todo o mundo” sabe o que é
que aconteceu com a família dele ((referência a ter colocado os cinco filhos
num orfanato e anos depois ter escrito o livro Emílio, ou Da Educação,
ensinando a educar crianças)). Depois ele ficou francófono demais, depois da
Revolução Francesa, como consciex. Extrafisicamente ele continua francófilo e
com “uns troços todos brabos” lá. Custou. Foi só agora, no fim do século
passado ((século XX)) que ele melhorou, pelo que eu sei. Pergunta. Qual foi o
ponto que ele reciclou para melhorar? Resposta (WV). Os amparadores foram
mostrando que os amigos dele o estavam deixando, para um nível mais avançado.
Então perguntaram para ele se os amigos estavam todos errados e só ele estava
certo. Ele não é bobo, ele é muito inteligente. Uma grande cabeça. O que é duro
nele, é que ele foi também um dos inspiradores da Revolução Francesa. Ele
morreu pouco antes da Revolução Francesa. Teve influência por todo o lado, no
romantismo e na filosofia. A maioria deles citam Rousseau. O “negócio” dele é
bem óbvio ((referência a ideias patológicas)), é só olhar que você vai ver bem
claro o que é bom e o que não presta. (Tertúlia 0823; 1h:17m).
Rousseau versus Voltaire.
Pergunta. No caso do
Rousseau e do Voltaire: um era extremamente irônico e incisivo, mas teve um efeito
enorme no esclarecimento, na época. O outro era mais idealista, e, olhando
hoje, talvez um pouco ingênuo. Qual dos dois foi o melhor? Resposta (WV). O Rousseau influenciou
mais gente do que o outro, a meu ver. Mas ele errou no fim também, como o
Voltaire, porque ele ficou muito francófilo depois da Revolução Francesa. E ele
não participou propriamente na Revolução Francesa, ele só preparou o ambiente.
O Rousseau passou depois muito tempo sem ressomar. O Voltaire é muito enrolado.
(...). Algumas das máximas dele são de uma acuidade “violenta” – ele ia para os
saraus e anotava as ideias de “todo o mundo” – mas ele tem máximas que são
exageradas e até anticosmoéticas. (...). Algumas são até baratrosféricas, no entanto são máximas. Até que ponto
ele estava errado? Possivelmente ele estava certo para aquela época, mas não
para a humanidade em si, o tempo todo - e máxima tem que tem que ser uma coisa
para valer mais tempo. (Tertúlia
0938; 1h:50m).
Segregação
intelectual. Quando a gente vai ler um livro de pesquisa, alguma coisa de
filosofia, de sociologia, de política, principalmente quando o povo é da
França, eles só falam em processos franceses e não saem de lá. Eu (WV) acho que uma das coisas
piores que tem é um analista que não é universalista. (...). O Alexis de
Tocqueville, do século XIX, fez uma série de considerações sobre a escravidão e
a democracia nos Estados Unidos. Ele foi muito rigoroso e universalista para
estudar os americanos. Passaram-se alguns anos e ele foi estudar processo da
França com a Argélia e ele não usou o mesmo rigor. Ele puxou a brasa para a
França, passou por cima, suavizou. Eu já tinha visto isso mas não sabia que ele
está sendo considerado como o pior de todos eles ((referência aos intelectuais franceses da época)).
E isso tudo começou com o Rousseau, extrafisicamente. Eu estou falando essas
coisas porque eu estou estudando isso há muito tempo. Eu segui as coisas do
Rousseau extrafisicamente. Depois que ele dessomou, ele ajudou (muito),
inclusive foi um dos mastermind, indiretamente, da Revolução Francesa.
Para você ter uma ideia, há um autor brasileiro ((referência a José Pereira da Graça Aranha)) que
coloca que tem duas pessoas na história humana que lhe chamaram muito a
atenção: uma foi Jesus Cristo e a outra foi Rousseau. É uma coisa séria, para a
gente estudar. Agora veja: foi justamente isso que ele fez, extrafisicamente.
Ele começou a ficar muito apaixonado pelo processo França e não teve universalismo.
(...). Ele já tinha uma tendência para isso – tinha problemas com a família – e
foi um custo até ele mudar. Ele mudou agora, depois que eu estou neste corpo,
nesta vida. (...). Todos eles ((referência
aos intelectuais franceses)) seguiram a linha de Rousseau. Os franceses
são muito cheios de si. Hoje eles gozam do prestígio que acumularam durante
séculos. Hoje não tem aquelas grandes cabeças que havia na França (...) mas
eles são muito fanáticos e bobocas. Um dos maiores, que eles consideram, é Sartre,
do Existencialismo – que vivia de cigarro na boca, todo esquisito. (...).
Quando um autor fica puxando brasa para a sardinha particular dele, isso é
horrível. Nós temos que ser universalistas, ter abertismo consciencial. Eu
quero mostrar para vocês, baseado nos fatos historiográficos, como é difícil a
gente ter abertura de consciência. A tendência da gente é puxar a brasa para a
nossa história, para a nossa língua pátria, para a cultura (do lugar) onde
nascemos, para os hábitos, a etnia… isso tudo é bobagem! não existe, por
exemplo, uma raça, uma nação, um país que seja superior aos outros,
tecnicamente falando. Isso tudo é bobagem, é racismo, está errado. Então esse
processo de segregar a situação intelectualmente, estigmatizar as coisas, não é
o ideal. A gente tem de evitar isso ao máximo. (Tertúlia 0954; 0h:11m).